Nas próximas semanas, vamos abordar o tema do turismo de forma aprofundada. Para isso, foram elaborados quatro textos que apresentam um panorama completo sobre as diversas possibilidades turísticas em Contagem. O objetivo principal é desmitificar esse tema, abordando suas potencialidades e como ele pode impulsionar o desenvolvimento local. Com isso, iniciamos com esta publicação, que será o ponto de partida para uma série de conteúdos que visam explorar as diferentes facetas do turismo na região e promover um entendimento mais amplo sobre suas vantagens e oportunidades.
Muitas pessoas se perguntam se é possível desenvolver turismo em Contagem, e frequentemente, há dúvidas e até preconceitos sobre essa possibilidade para o município. Isso se deve, em grande parte, ao desconhecimento ou até mesmo a incompreensão sobre o turismo em suas diversas facetas.
Nesse sentido, valorizar a história e a cultura local é um dos aspectos primordiais para conhecer o turismo e entendê-lo como ferramenta essencial para o planejamento público, além de conhecer e se apropriar da história do município, fator determinante para o sucesso do turismo. Conheceremos brevemente a história de Contagem e a sua riqueza histórica, ambiental e cultural.
História de Contagem
Contagem, conta com quase 300 anos de história e surgiu ainda no Brasil colônia, por meio da instalação de um posto de Registro Fiscal pela Coroa Portuguesa, na região conhecida como Abóboras. Essa cidade colonial de Minas Gerais, junto a outras, tais como: Ouro Preto, Sabará, Diamantina e Serro, completaram três séculos de existência na primeira década dos anos 2000. O povoamento da região de Contagem se deu entre o final do século XVII e o início do século XVIII, quando as bandeiras paulistas, especialmente a de Fernão Dias, adentraram em diversas localidades em busca de ouro e pedras preciosas.
A criação de rotas comerciais, que conectavam São Paulo, Rio de Janeiro e os sertões da Bahia, foi fundamental para o desenvolvimento da região. Essas rotas se cruzavam na região das Abóboras, facilitando a chegada de mercadorias, escravos e gado às minas. Documentos do início do século XVIII faz referência à encruzilhada das Abóboras, que funcionava como um ponto de fiscalização em que as mercadorias comercializadas eram taxadas.
A história de Contagem não indica um fundador específico, assim, ela se desenvolveu por meio das relações comerciais desse povoado. Após esse período, o desenvolvimento da cidade pode ser dividido em três períodos distintos, cada um marcado por um sistema econômico predominante.
A economia de Contagem inicialmente se baseou no comércio para abastecer as zonas mineradoras. Tropas de carga traziam mercadorias de várias partes do Brasil e do exterior, incluindo escravos e gado. As autoridades coloniais instalaram um registro fiscal em 1716, onde mercadorias e escravos eram contados e taxados, o que deu origem ao nome “Arraial de São Gonçalo de Contagem das Abóboras”.
Após a independência do Brasil, a economia de Contagem se diversificou com a agricultura e a pecuária. Muitas famílias tradicionais se estabeleceram na região, comprando ou se apossando de terras. Com a decadência da mineração, a agricultura e a pecuária se destacaram nesse cenário, atraindo novas famílias e contribuindo para a formação de novas fazendas que impulsionaram a economia local. Em 1911, Contagem foi elevada a município, no entanto, enfrentou dificuldades para se estruturar administrativamente.
No século XX, com a construção de Belo Horizonte, muitos antigos escravos se mudaram para a nova capital em busca de trabalho. Contagem se tornou um importante centro de fornecimento de mão de obra e materiais. Em 1941, o governo mineiro criou a Cidade Industrial em Contagem, que impulsionou o desenvolvimento econômico da região. Entre 1941 e 1960, o número de empresas e trabalhadores cresceu significativamente, transformando o município.
História e turismo
A história é composta por uma diversidade de manifestações e comportamentos que originam a cultura local, seja ela material ou imaterial, tornando-se, portanto, um atrativo significativo para o turismo nas áreas urbanas. Ao incorporar as memórias, histórias e tradições das cidades, cria-se um produto com grande potencial para ser promovido, destacando seus aspectos singulares.
Uma das principais motivações das pessoas saírem de suas casas e percorrerem longos caminhos é a busca de conhecimento, com o intuito de explorar novas culturas e descobrir lugares novos.
Dessa maneira, o turismo se faz por meio da história do município, e os dois temas podem estar relacionados por diversas maneiras, uma delas é um segmento chamado de turismo cultural que será discutido mais profundamente em outro texto, por conseguinte, uma das principais formas de visitar um município é para o conhecimento histórico e artístico desse território.
Dessa maneira, compreender a história do município e se apropriar do legado dessa história por parte da população e turistas, fazem com que os municípios sejam considerados “produtos” prontos para serem formatados pela atividade turística.
Thalita Regina de Souza Brito é graduada em Turismo pela UFMG, especialista em Planejamento Ambiental Urbano (PUC) e Gestão Estratégica de Marketing (SENAC).
Rafael Gonçalves Mendes é graduado em Turismo e Gestão Ambiental e Diretor de Parques da Secretaria de Meio Ambiente de Contagem.