Nas inúmeras entrevistas que fiz com o hoje ministro do Tribunal de Contas da União Antonio Anastasia, quando ainda era governador de Minas e senador, me lembro de ouvi-lo reiteradas vezes dizer a mesma expressão, com aquele seu jeito polido e professoral: “Meu caro Rodrigo, a saúde é uma demanda infinita. Quanto mais se faz, mais há por fazer”. Essa expressão de “demanda infinita” sempre utilizada por ele é autoexplicativa. O marketing político nos ensina que é preciso compreender as dores do cidadão. E, sem querer fazer trocadilho, a saúde pega justamente nisso: ela é literalmente a maior dor da população em nove a cada dez pesquisas de opinião.
Essa “dor” não é “privilégio” de quem precisa de atendimento no setor público. Outrora símbolos da tranquilidade para quem pagava, os hoje ineficientes planos de saúde privados já não conseguem mais absorver a demanda e deixaram de ser uma espécie de referência que foram no passado. O setor público inegavelmente tem uma natural dificuldade de dar conta de toda a demanda, mas há esforços que precisam ser louvados e publicizados para que as pessoas tenham a exata dimensão da importância do Sistema Único de Saúde (SUS). Cabe lembrar aqui que, após a pandemia, uma parte da população, que perdeu seus empregos, se tornou dependente justamente do SUS.
Quero trazer agora nossa prosa para Contagem, onde pelo menos 65% da população usa o SUS. Todas as pesquisas de opinião feitas nos últimos anos apontam que a saúde é o maior desafio do município. Sou obrigado a me lembrar da expressão do ex-governador Anastasia sobre a “demanda infinita”. Muito se fez, mas sempre há mais por fazer. E essa expressão faz muito sentido quando a gente, num piscar de olhos, faz uma reflexão sobre as ações de saúde implementadas pela gestão da prefeita Marília Campos.
Logo ao chegar à Prefeitura, Marília enfrentou o IGH, a empresa que administrava o complexo hospitalar e as UPAs do município. Não custa lembrar que o IGH atrasava salários e transformou tudo em caos. Marília fez, de maneira corajosa e decisiva, uma intervenção na saúde e o município tomou para si as rédeas do setor. Encontrou uma ótima saída ao criar o Serviço Social Autônomo (SSA), que, de grosso modo, é uma empresa controlada pela Prefeitura para administrar os mesmos equipamentos. O SSA tem uma agilidade maior para fazer o que precisa ser feito, sem perder de vista o DNA do SUS e do serviço público. O resultado é claro: o atendimento melhorou e o usuário está nitidamente mais satisfeito no hospital, na maternidade e nas UPAs.
Mais adiante, Marília começou outro plano ousado: reformar e construir novas UBSs, os postos de saúde. Vou pinçar neste texto uma inauguração que acompanhei neste ano de 2023: a UBS Inconfidentes. Era uma demanda da população local que ultrapassava os 30 anos. O posto é grande, arejado, bem equipado e lindo! Lembro que alguém falou com Marília, logo após a solenidade de inauguração, que parecia equipamento privado de saúde e, na hora, ela retrucou de maneira serena, mas firme: “É padrão SUS. O SUS tem essa qualidade”.
Pouco tempo depois, outra conquista: a inauguração da UPA Industrial, uma necessidade antiga e uma obra travada havia muito tempo. Com capacidade administrativa, Marília retomou a obra e inaugurou a UPA em setembro. Hoje, temos informações de que ela se transformou em uma referência metropolitana. Vocacionada para o atendimento pediátrico e ortopédico, a unidade hoje tem um público metropolitano. Pesquisas recentes apontam que mais de 65% dos usuários são de cidades como Betim, Ibirité, Sarzedo, Mário Campos, Brumadinho… Não parou por aí: Marília conseguiu destravar a obra da UPA Nacional e também já começou a reconstruir a UPA Petrolândia.
Para além de construir novos equipamentos, a atual gestão está indo adiante e reformando unidades já em funcionamento. No maior pacote de obras que a cidade já viu na saúde, R$ 20 milhões estão sendo investidos na requalificação do Hospital Municipal, que já havia ganho um novo centro de imagem, e nas UPAs JK, Ressaca e Vargem das Flores. Algumas dessas ações não serão vistas a olho nu pela população porque envolvem questões mais estruturais e de engenharia, mas vão melhorar a vida do servidor e, por consequência, o atendimento ao cidadão na ponta. É mais dignidade para quem usa o serviço público!
A saúde em Contagem avança também porque a cidade se articula. Com um governo federal republicano sob a batuta do presidente Lula, a prefeita esteve na linha de frente para garantir os recursos para o pagamento do merecido piso nacional da enfermagem. Marília também tratou de articular com o Ministério da Saúde a chegada de mais médicos, sem querer fazer, mas já fazendo um trocadilho com o nome do programa. Serão 200 ao todo e mais de 70 já desembarcaram na cidade. E ela ainda credenciou UBSs do município para estender o horário de atendimento até às 19h. Dez já começaram e outras começarão em breve.
Vejam, meus amigos e minhas amigas, eu fiz aqui o relato de avanços que conquistamos em Contagem sem precisar pensar muito. Sequer sentei para fazer uma pesquisa. Apenas recobrei na memória tudo o que noticiei neste ano em Contagem, sem fazer muito esforço. Para além de tudo o que relatei aqui, ainda há muito mais feitos que sequer são conhecidos por mim. Muitos deles certamente são invisíveis a olho nu, mas fazem a diferença na vida das pessoas. E um governo só faz sentido se atender as pessoas.
Digo isso ao me lembrar de uma conversa com uma amiga minha, em meados deste ano de 2023. Moradora do Riacho, essa amiga precisou internar a avó duas vezes num espaço de três anos no nosso Hospital Municipal. Eis que ela me mandou uma mensagem contando que o atendimento havia melhorado muito nesses três anos. “O atendimento está melhor, mais humano e mais rápido. Tenho que reconhecer que a gestão da Marília é diferenciada e que ela é uma prefeita diferenciada. O hospital melhorou muito”, escreveu Monique Oliveira, na mensagem. Monique não é militante política. É “cidadã comum” e não tem qualquer vínculo direto ou indireto com o governo. É o reconhecimento genuíno de quem sentiu na pele que as coisas melhoraram.
E, para as coisas melhorarem assim, é preciso haver duas iniciativas: gestão de fato e vontade política. Acompanhei neste ano algumas das reuniões periódicas que Marília faz com a equipe da Secretaria Municipal de Saúde. O cidadão pode não saber, mas toda semana tem um encontro de três horas de duração entre prefeita, secretário, subsecretárias, superintendentes e diretores da Saúde. Marília não terceiriza, faz a gestão de gabinete, é detalhista e exigente. Cobra o tempo todo que o serviço seja adequado e que o cidadão tenha dignidade. Ela entende minúcias e questões legais e discute de igual para igual com os técnicos da área. Isso é gestão de verdade e a prefeita não abre mão de fazer isso. Não satisfeita, Marília costuma ir às unidades para ouvir o cidadão. Ela dá umas “incertas” fora da agenda oficial para saber se tudo está nos conformes. Por fim, a vontade política: ela prioriza a saúde, articula com deputados, senadores, governo do Estado e o governo federal. Toma a decisão de fazer e vai atrás do dinheiro. E essa não é uma tarefa simples: exige viagens bate-e-volta a Brasília, sola de sapato e saliva para ver os projetos concretizados.
Foi assim que Marília ajudou Minas Gerais ao atuar politicamente para destravar recursos vinculados da área da saúde repassados pelo governo do Estado e que estavam presos nos cofres das prefeituras porque eram verbas carimbadas. Vi Marília se reunir com o secretário de Estado da Saúde, Fábio Baccheretti, com o presidente da Assembleia, Tadeu Martins Leite, e com o deputado estadual João Vítor Xavier. Contagem tinha mais de R$ 140 milhões a serem destravados. Em Minas Gerais, as prefeituras tinham R$ 7 bilhões a destravar. E, sim, foi a ação da prefeita de Contagem, articulada com outros atores políticos, que garantiu que o dinheiro possa chegar a quem mais precisa: o cidadão.
Por essas e por outras, volto ao título deste texto: Marília mudou o patamar da saúde na nossa cidade. As demandas podem ser infinitas, mas a vontade de resolvê-las também é. Ainda há muito a se fazer, é verdade, e Marília não esconde isso. Mas é preciso jogar luz sobre o muito que foi feito até aqui. E, por acompanhá-la em algumas reuniões e ver como ela atua, devo dizer: sinto orgulho de ver os avanços de Contagem. A cidade onde me criei e vivi minha vida quase toda está em boas mãos.
Rodrigo Freitas é jornalista.