Nos EUA, 40 milhões de chefes de família (45% do total) não tem nenhum poupança previdenciária. Reportagem do jornal Valor Econômico publicou dados sobre a previdência privada nos Estados Unidos, que mostra o fracasso do modelo na maior nação do planeta. Portanto, para uma ampla parcela da população a única segurança na velhice é a Seguridade Social (o INSS dos Estados Unidos). O problema é que o país para abrir espaço para a previdência privada adotou um teto na previdência pública muito baixo para os padrões estadunidenses. Lá a Seguridade Social tem teto de benefícios de apenas US$ 2,513, o que dá 70% da média salarial do país de US$ 3,300. É preciso considerar ainda que milhões de pessoas não contribuem o suficiente para ter sequer este teto baixo. Isto mostra a precariedade da previdência pública nos Estados Unidos, especialmente para aqueles cidadãos que não conseguem acumular nenhum recurso na previdência privada.
40 milhões de chefes de família (45% do total) não tem nenhum poupança previdenciária. Informa o jornal Valor Econômico: “O atual sistema de aposentadoria dos EUA foi montado, em grande medida, numa época em que as pessoas tendiam a trabalhar num só emprego ou empresa por toda a vida. Mas a mistura de desemprego, emprego de meio período ou temporário e emprego por conta própria é a norma atualmente, e as agruras de muitos trabalhadores, de fazerem contribuições esporádicas, são comuns. E, o que é pior, muitos americanos não têm absolutamente poupança nenhuma para a aposentadoria, o que abre caminho para uma crise social, pois se aposentarão em situações que beiram a penúria”.(…) “Os números são cruéis. Segundo o National Institute on Retirement Security (NIRS), quase 40 milhões de chefes de famílias em idade ativa (45% do total) não tinham nenhuma poupança para a aposentadoria em 2013, nem o plano 401(k), patrocinado pelo empregador, nem um plano de previdência privada individual (IRA, na sigla em inglês)”.
Retornos baixos dos planos privados e milhares de cidadãos sem nenhum pé-de-meia. Continua a reportagem do Valor Econômico: “O setor de previdência começou a se preocupar recentemente com o impacto negativo dos baixos rendimentos de títulos e com as expectativas medíocres dos retornos dos investimentos em planos de pensão públicos de “benefício definido” e em planos individuais “de contribuição definida” como o esquema 401(k) americano”.(…) “Mas a verdadeira crise em gestação da aposentadoria é o número de pessoas que não têm nenhum pé-de-meia, diz David Hunt, executivo-chefe da PGIM, o braço de gestão de ativos da Prudential Financial. “O verdadeiro buraco negro do sistema de aposentadoria é esse”, diz. “E essas são as pessoas mais vulneráveis da sociedade.”(…) “Embora os mais jovens tenham menor tendência a ter algum tipo de poupança para a aposentadoria do que os americanos mais velhos, o fator preponderante é a renda. As famílias que possuem um plano de previdência privada têm uma renda mediana de US$ 86.235 ao ano, enquanto que as que não têm recebem renda mediana de US$ 35.509 ao ano, segundo o NIRS”.(…) “Muitos são autônomos ou trabalham em pequenas empresas, que em muitos casos não têm escala organizacional para montar um plano 401(k). Grandes empresas em setores que pagam baixos salários são também menos propensas a oferecer planos de aposentadoria. E, para pessoas que recebem baixos salários, é mais difícil poupar para uma conta individual de aposentadoria (IRA, em inglês).(…) “Temos uma crise se formando”, diz Russ Kamp, consultor de previdência. “Estamos pedindo às pessoas para que reservem recursos preciosos de que eles não dispõem. No caso de milhões e milhões de americanos, a única coisa que eles têm é a Seguridade Social”.
Saúde privada também é um grave problema nos Estados Unidos. Na seguridade social, além da previdência, a saúde é também um problema histórico nos Estados Unidos, que não tem um sistema público como na maioria dos países europeus e do Brasil. Por isso mesmo, a saúde é sempre um tema controverso que divide o país há décadas. Mesmo com enormes resistências ao longo de décadas, o Estado acabou entrando na saúde através de gigantescos subsídios aos planos privados para setores específicos da população: o Medicare, para idosos com mais de 65 anos e pessoas com deficiência; o Medicaid, para pessoas de baixa renda e o Obamacare, para cobrir parte da população ainda sem planos de saúde. Ainda assim aproximadamente 25 milhões de pessoas continuam sem planos de saúde. São no total, subsídios para 115 milhões de pessoas, ao custo anual de US$ 1,3 trilhão de dólares (o equivalente a R$ 4,2 trilhões). Fica claro assim que, sem a participação estatal, ainda que subsidiando os planos privados, a situação da saúde nos Estados Unidos seria muito mais catastrófica. Ou seja, saúde puramente privada não é universal em nenhum país do planeta.