Depois de hesitar muito, por já estar algum tempo sem produzir textos, acabei aceitando o convite que recebi para escrever para o blog do Zé Prata e Ivanir. Acredito que devido a minha formação teológica, minha liderança religiosa e minha atual vivência política, não poderia começar por outro tema, senão este: A IGREJA E A POLÍTICA.
Antes de discorrer sobre o tema proposto, quero fazer algumas considerações preliminares. Por muito tempo, ouvi líderes religiosos, principalmente no Brasil criticarem o envolvimento da Igreja com a política, o que a meu ver acontece principalmente pela falta de conhecimento do tema em epígrafe, o que que por sua vez gera resistência e preconceito.
Antes de criticarmos algo, precisamos no mínimo conhecer. A maioria dos líderes religiosos criticam a relação Igreja e Política, porque desconhecem o significado e a importância da política no dia a dia da Igreja e da sociedade em um todo.
O pontapé inicial para desmitificarmos o conceito de política na Igreja é entendermos como surgiu a palavra política e qual seu significado.
A primeira vez que a palavra política foi usada, foi na Grécia antiga, nas chamadas Pólis(cidades), diante dos desafios da nova estrutura, os gregos se viram diante da necessidade de criar diretrizes com o objetivo de organizar seu modo de vida. A essas diretrizes e ações deu-se o nome de POLÍTICA. A palavra também faz menção a tudo que está vinculado ao Estado, ao governo e a administração pública com o objetivo final de administrar o patrimônio público e promover o bem público, isto é, o bem de todos.”.
Diante deste sucinto conceito, podemos inferir de plano, que todas as vezes que os relacionamentos passam da esfera privada para o pública, da individual para o coletiva precisamos da POLÍTICA, podemos dizer ainda, que a política é a arte de solucionar conflitos e apresentar caminhos para os problemas advindos da vida em sociedade.
A Igreja até pode ter um conjunto de valores e conceitos doutrinários que a difere de alguns setores da sociedade, no entanto, ela está inserida neste contexto social, é parte desta sociedade e, portanto, parte deste contexto coletivo, social, estatal, bem como de todos os desafios inerentes a estas relações e precisa da política enquanto instrumento de solução destes conflitos. E serei mais ousado, só conseguirá manter seus valores, doutrinas e continuar avançando em meio a uma sociedade que não para de crescer e mudar, se aprender a manejar essa ferramenta chamada POLÍTICA.
A Igreja é uma importante aliada da sociedade na formação de cidadãos melhores, principalmente do ponto de vista ético e moral, ainda que esta falhe em alguns momentos, essa é sua missão precípua. E para obter êxito em sua missão, não pode continuar vendo a política como um problema, uma inimiga, mas sim como aliada. Muitos dirão: “Mas a política atual tornou-se sinônimo de corrupção”. Precisamos entender que toda generalização vem eivada de injustiças, preconceitos e erros. Da mesma forma que a Igreja não pode aceitar que alguns setores da sociedade peguem erros isolados ou pontuais da Igreja e usem estes erros para dizer que toda Igreja está errada. Se não queremos isso para a Igreja, não podemos fazer isso com a política.
A Igreja do século XXI, seja no mundo ou no Brasil, tem passado por muitas mudanças, tem se tornado uma igreja mais atuante nas questões sociais e a política é uma importante aliada para que a Igreja deixe de ser uma mera expectadora do enredo de toda a vida em sociedade e se torne parte atuante no processo de construção de uma sociedade melhor. Cristo sinalizou para a vida vindoura, para aquilo que é eterno, todavia nunca se esquivou de sua responsabilidade social, não economizando esforços para transformar a sociedade de sua época, e através de seus ensinamentos as demais sociedades ao longo da história até os dias atuais.
Quero encerrar esta breve reflexão sobre a Igreja e a Política, à luz das experiências que temos vivido na cidade de Contagem, com o governo Marília. A Igreja que por anos foi alijada do processo de construção de políticas públicas, foi convidada novamente, através principalmente dos Conselhos Regionais, uma marca do atual governo, a dialogar, mostrar suas ideias, convicções e valores.
Além de ver pautas que sempre lhe foram caras respeitadas, logrou êxito em importantes conquistas, como ver a Marcha para Jesus, uma importante manifestação da fé cristã, se tornar patrimônio cultural e imaterial da cidade, ou seja, uma conquista que vai para além do governo atual, garantida nos próximos governos por meio de decreto. O show com a cantora Aline Barros na região do Nacional, dentre outras conquistas. Acredito que tudo isso está acontecendo porque temos uma geração de líderes evangélicos que está entendendo não apenas o real significado da política, mas sua importância para a Igreja.