A implementação da drenagem urbana em Contagem historicamente seguiu um padrão reativo, focando em respostas imediatas às demandas comunitárias sem um planejamento integrado que considerasse a totalidade das infraestruturas das bacias hidrográficas. Essa abordagem fragmentada, voltada mais para soluções pontuais do que para uma estratégia de longo prazo, acabou por não entregar resultados efetivos para a comunidade, apesar do significativo investimento financeiro envolvido.
Vários fatores contribuíram para problemas como enchentes e a deterioração da qualidade das águas na cidade. Entre eles estão a ocupação irregular de áreas de várzea e a consequente destruição da vegetação ciliar, o que exacerbou a erosão e o assoreamento. A urbanização acelerada e mal planejada resultou na impermeabilização extensiva do solo, reduzindo a infiltração de água e aumentando o escoamento superficial. Adicionalmente, a canalização intensiva dos cursos d’água alterou drasticamente a dinâmica pluvial, com a eliminação de meandros e a retificação dos leitos, acelerando o fluxo das águas e frequentemente levando ao estreitamento dos canais. A ausência de sistemas adequados de tratamento e interceptação de esgoto também contribuiu significativamente para a contaminação dos corpos d’água.
Desde o início deste seu terceiro mandato, Marília Campos, prefeita de Contagem, adotou uma abordagem diferente em relação ao planejamento urbano anteriormente caótico. Distanciando-se das práticas de gestões passadas de outros prefeitos, Marília priorizou a execução de projetos de drenagem significativos em várias áreas do município.
Além disso, inseriu como exigência para o Programa Asfalto Novo que todas as vias, além do pavimento revitalizado, tivessem no mínimo a revitalização da drenagem superficial. Em alguns casos, também foi implantado sistemas de drenagem profunda em algumas vias que receberam pavimentação nova.
É com muita tristeza que vemos as consequências dos danos causados pelas chuvas. Nesse momento, a situação no estado do Rio Grande do Sul serve como um contraponto alarmante. As fortes chuvas recentes resultaram em devastação ampla, com destruição da infraestrutura e desalojamento de famílias. Apesar de ser difícil atribuir a culpa exclusivamente ao governo estadual, a falta de investimento em sistemas de drenagem por parte das prefeituras e do próprio governo do estado é notável. E embora esses desastres naturais sejam exacerbados pela crise climática, a preparação e mitigação através de infraestrutura adequada são essenciais.
Quero deixar claro que o foco não é atribuir culpa, mas sim apontar um problema que poderia ter sido mitigado com medidas preventivas mais eficazes. Nesse aspecto, em Contagem, ao mesmo tempo em que o governo do RS não fez tais investimentos, nos últimos três anos, a Prefeitura tem executado centenas de obras e intervenções no sentido de impedir ou minimizar as enchentes no município. É bom lembrar que Contagem é uma cidade rica em cursos de água, com mais de 3.000 nascentes (estimativa) e cerca de 300 riachos. Os Investimentos já realizados pela Prefeitura, ou em andamento, que têm o potencial de minimizar riscos (tanto de enchentes quanto de contenção de encostas) são de, aproximadamente, R$ 464.266.030,03 milhões. Entre eles estão: 20 grandes obras de macrodrenagem; construção das Bacias de contenção na Vila PTO, Vila Itaú, Rio Volga e Toshiba que, juntas, elas terão capacidade de reter 550 milhões de litros de água das chuvas; 154 obras de microdrenagem (rede de drenagem de até 50 metros de extensão; e aproximadamente 300 intervenções de desassoreamento de córregos. Isso tudo sem contar as mais de 41 mil limpezas de bocas-de-lobo e inúmeras operações caça esgoto.
Contagem se destaca na região metropolitana por ser ponto de origem para três grandes bacias hidrográficas, o que coloca o município em uma posição crítica no que diz respeito ao manejo das águas pluviais e à drenagem urbana. Os rios que nascem e percorrem a cidade, como o Rio Betim, que segue para a Represa Vargem das Flores e depois para o município de Betim, além do Ribeirão Arrudas e os formadores dos Ribeirões da Pampulha e da Onça, que fluem para Belo Horizonte, são fundamentais para a sustentabilidade hídrica da região. Esses cursos d’água já sofrem com os impactos da intensa urbanização e da expansão acelerada, enfrentando problemas como assoreamento, poluição e redução de vazão, que afetam não apenas Contagem, mas também as áreas vizinhas.
A urbanização das bacias contribuintes, especialmente nas áreas centrais de Contagem, tem provocado uma impermeabilização do solo que agrava a velocidade e o volume do escoamento superficial, exacerbando os riscos de enchentes e degradação da qualidade da água. Esse cenário é complicado ainda mais pelo desenvolvimento urbano no entorno dos afluentes que alimentam o Rio Betim e a Represa Vargem das Flores. A expansão descontrolada dessas áreas urbanas, sem um planejamento adequado para a drenagem e o manejo das águas pluviais, implica sérias implicações para o equilíbrio ecológico e para a infraestrutura de Contagem e municípios adjacentes.
Diante desse quadro, a gestão da prefeita Marília Campos, reconhecendo a importância estratégica de Contagem na rede hidrográfica da região, propõe uma mudança significativa na abordagem de gestão das águas urbanas. A iniciativa de Marília visa estabelecer um Plano Diretor de Drenagem e Manejo de Águas Pluviais, um grande passo para o município na redefinição de suas políticas de infraestrutura hídrica. Este plano tem o objetivo de fornecer diretrizes claras e cientificamente embasadas para o desenvolvimento futuro, assegurando que o crescimento urbano ocorra de maneira sustentável e que minimize os impactos adversos sobre os recursos hídricos.
A prefeitura, sob a liderança de Marília, também planeja implementar uma Lei Municipal que oficialize esse plano diretor, garantindo sua aplicação contínua e eficaz, independentemente das mudanças políticas futuras. Esse marco legal delineará as necessidades de infraestrutura para enfrentar eventos climáticos extremos e servirá como um legado de gestão ambiental responsável e proativa, obrigando futuras administrações a aderirem ao plano estabelecido.
Este esforço da nossa Prefeita demonstra claramente que ela tem visão de futuro, antecipando-se aos desafios que podemos enfrentar. Essa instituição de uma política abrangente que transpõe mandatos é o que constrói uma cidade forte, que não ficará sujeita a devaneios de aventureiros. Além disso, o planejamento, além de resolver problemas atuais de drenagem, mas também preservará a qualidade de vida em Contagem, promovendo a sustentabilidade e a resiliência diante das crescentes ameaças climáticas.
Deixo registrado: o governo Marília terá um impacto duradouro e beneficiará muito as gerações futuras.
Lucas Carneiro Costa é comunicador e pedagogo. Mestrando em Economia Aplicada pela Universidade Federal de Viçosa.