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José Prata: Voltar à “Era Lula”, o tempo mais feliz e interessante da história brasileira

A Era Lula é marcante na história brasileira. Tivemos crescimento econômico com redução da vulnerabilidade externa da economia; distribuição de renda; controle da inflação; desendividamento e democracia. Diversos impasses históricos, que minaram o crescimento da economia no passado, foram enfrentados de forma séria. Primeiro: o Brasil cresceu com uma forte redução da vulnerabilidade externa, que no passado quebrou o nosso país diversas vezes, com a constituição de um volume de reservas internacionais de US$ 369 bilhões. Segundo: o Brasil cresceu distribuindo renda, colocando um fim na tese de que “o bolo tem que crescer primeiro para ser distribuído”, com a retirada de 33 milhões de brasileiros da pobreza e incorporação de 40 milhões de brasileiros à chamada “nova classe média”. Terceiro: o Brasil cresceu com o controle da inflação, não voltou a hiperinflação como previram a mídia e a direita, sendo que os índices médios de inflação de 6,28% ao ano, ainda que precisam ser reduzidos, são os menores dos últimos 73 anos na série histórica divulgada pelo IPEA. Quarto: o Brasil cresceu nos governos do PT e partidos aliados com um processo histórico de forte desendividamento, sendo que a dívida total líquida (dívida bruta menos os ativos do governo) recuou de 60% para 36% do PIB. Quinto: não se pode esquecer que o Brasil cresceu aprofundando a sua democracia, ao contrário do passado onde crescemos muito mas com regimes ditatoriais e autoritários.

Lula, o portador da esperança

A ERA LULA É O TEMPO MAIS FELIZ E INTERESSANTE DA HISTÓRIA BRASILEIRA. Não gosto da frase, que se tornou uma das “marcas” do presidente Lula: “Nunca antes na história deste país”. Reconheço que ela foi pronunciada inicialmente nas disputas de 2005 e 2006 quando a ordem da elite era “destruir” o operário “atrevido” que, saindo do Nordeste pobre, ousou governar o Brasil. Então para tirar um “sarro” da oposição Lula falou: “Nunca antes na história deste país”. Em um vídeo sobre isso o presidente explicou: “Não estamos descobrindo o Brasil. Apenas estamos fazendo o que outros governos não fizeram. E quando os outros não fizeram o que a gente fez, a gente diz: nunca antes na história deste país”. Uma nação é fruto da construção histórica de seu povo e de seus governos. “Nunca antes na história deste país”, queira ou não, deixa a entender que a história de melhoria para o povo brasileiro está começando com o PT e acaba fortalecendo um “patriotismo de partido” que eu não gosto. Se é importante ressaltar “o que outros governos não fizeram” é igualmente importante ressaltar “o que outros governos fizeram e que nós demos continuidade”. Então o mais importante é estabelecer vínculos históricos com o que foi feito no passado no Brasil nas lutas políticas e sociais do povo brasileiro. E nós temos três pactos progressistas na história brasileira, liderados por Getúlio Vargas, Ulysses Guimarães, e Lula; e temos que reconhecer até mesmo em governo de centro direita alguns avanços, como o Plano Real do PSDB, sobretudo naquilo que ele conseguiu acabar com a hiperinflação no Brasil.(…) Mas, dito isto, sou daqueles que considera a Era Lula, a mais feliz e interessante época de toda a história brasileira. Vivemos grandes conquistas em seus governos e no primeiro governo Dilma. A direita, numa revanche contra os avanços efetuados no Brasil, promoveu o golpe contra Dilma e a prisão e Lula, mas assistimos também Lula, como um gigante, dar a “volta por cima”, desmascarar os reacionários e voltar novamente ao primeiro plano da política nacional como candidato favorito na eleição presidencial. A Era Lula poderá ser retomada e ter continuidade novamente com Lula lá no Palácio do Planalto.

LULA REPRESENTA A PRIMEIRA GRANDE – E TALVEZ ÚNICA – SAGA DE NOSSA POPULAÇÃO. Alguns intelectuais sintetizaram a grandiosidade da figura de Lula. Cândido Mendes: “Trata-se de um fenômeno de um inconsciente coletivo que alguns tolos confundem com um irracional. O segredo de Lula está nesse olho no olho da sua gente e na capacidade sempre de se o reconhecer tal como chegou ao Planalto na primeira grande – e talvez única – saga da nossa população”. Wanderley Guilherme dos Santos, fez, em 2016 e 2017, prognósticos proféticos: “O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é indestrutível. A direita e a esquerda de nariz torcido evitam reconhecer que a indestrutibilidade de Lula não é propaganda partidária, mas fenômeno sociológico”. E Wanderley previu um triste fim para os falsos moralistas da Operação Lava Jato: “Lula, o intérprete dos desassistidos, entrará para a história; já os reacionários não terão memória, não terão registro; serão abolidos”. Emir Sader, em artigo recente, fala da felicidade em viver no Brasil na Era Lula: “Mas, por incrível que pudesse parecer, há alguns anos, para mim, viver hoje no Brasil é o melhor lugar do mundo. Não pelo país, que sofre, há cinco anos as consequências cruéis da ruptura da democracia. Mas viver no Brasil na era do Lula salva o Brasil e nos salva a todos. Pelo que o Lula é, como pessoa, como líder, portador de esperança”.

POR UM NOVO PROJETO NACIONAL SUSTENTADO PELA MAIORIA DO POVO BRASILEIRO. Espero que Lula vença as eleições deste ano e tenha saúde para vencer uma nova eleição e governar o Brasil por oito anos. O maior desafio não é somente vencer a eleição, é também garantir a governabilidade, e, acima de tudo, reconstruir um novo e pujante “projeto nacional”, fruto de uma ampla unidade da esquerda e de segmentos de centro, um projeto de centro esquerda, porque a esquerda, reunindo próximo de 30% da população, não sustenta sozinha um projeto duradouro que continue, mais ou menos intocado, mesmo com a rotatividade no poder. Vale ressaltar que no século passado, o projeto varguista, com direitos para o povo, industrialização e grandes estatais, ainda que não seja o projeto de nossos sonhos, durou meio século e foi responsável por colocar o Brasil no topo do crescimento mundial por longo período.(…) Sonho com um projeto nacional sintetizado por José Luís Fiori, um dos maiores intelectuais brasileiros vivos, em uma mensagem no final de 2020: “Está chegando a hora de a sociedade brasileira se desfazer desses “mitos salvadores” e devolver seus militares a seus quartéis e suas funções constitucionais. Assumir de uma vez por todas, com coragem e com suas próprias mãos, a responsabilidade de construir um novo país que tenha a sua cara, e que seja feito à sua imagem e semelhança, com seus grandes defeitos, mas também com suas grandes virtudes. Que seja um país altivo e soberano, mais justo e menos violento, que respeite as diferenças e todas as crenças, e que volte a ser mais humano, fraterno e divertido. E que o Brasil volte a ser aceito, admirado e respeitado pelo resto do mundo”.

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