Não adianta querer esfriar o debate da crise da Federação Brasil da Esperança em Contagem. É preciso politizar, politizar e politizar. Sem isso o jogo de intrigas não vai cessar. Mas é preciso ter foco no debate, ou seja, fazer um debate no tema que gerou a crise e não girar a metralhadora contra partidos e lideranças por comportamentos no presente e no passado.
E o centro do debate é o seguinte: o modelo de Federação que temos é um absurdo, beira o insuportável! A Federação repetiu o principal defeito da Coligação, que é a eleição baseada nos mais votados individualmente e não no desempenho dos partidos (votos nominas e de legenda); ou seja se é assim nem precisaria ter acabado com a Coligação que era, como veremos, muito mais flexível.
Na década de 1990, se me lembro se foi o então deputado José Dirceu, se propôs o seguinte modelo de Federação: dois ou mais partidos podiam se juntar na Federação e os representantes eleitos seriam definidos pela proporcionalidade de votos em cada Partido. Ou seja, era uma proposta que criava uma regra clara de convivência dos partidos, uma institucionalidade interna que resguardava a proporcionalidade de votos de cada partido federado. E o que é pior na Federação agora: a legislação conseguiu a façanha de piorar o modelo de Coligação. A Coligação era uma espécie de “casamento de conveniência”, a Federação é um “casamento compulsório”, com amor ou com ódio, o casamento tem que durar quatro anos.
E mais ainda: é um “casamento compulsório” onde as partes tem autonomia e liberdade para terem uma “relação aberta”, para “traírem” e arrumar novos parceiras e parceiros e exibir a traição em público. E mais: as direções das Federações são compostas com base no tamanho dos partidos, e, em tese, o PT, partido majoritário, pode revogar decisões e não se prevê nenhum tipo de consenso nas decisões, como, por exemplo, o consenso para a filiação de vereadores com mandatos.
O certo é que a Federação virou um instrumento cartorial, não discute política, não tem nenhuma vida orgânica e, imagino, que neste próximo período vai virar uma espécie de “Tribunal de Pequenas Causas” para julgar recursos de todo o Brasil e tentar conter o vale-tudo. Para superar a crise de nossa Federação em Contagem uma medida mais urgente é: nenhuma filiação de vereador com Mandato pode se dar nos três partidos da federação sem a concordância do PT, PCdoB e PV. O que acham?