Não podemos antecipar a sucessão de Marília; prioridades são manter em mais de 70% a aprovação da prefeita e garantir os investimentos para levar “o direito à cidade” para toda a população, em particular aos moradores das vilas e favelas. O PT Contagem não vai antecipar a sucessão da prefeita Marília Campos. As prioridades são a continuidade das políticas e dos investimentos públicos, que garantiram a vitória da prefeita no primeiro turno. No quarto mandato, Marília, além de concluir as obras do sistema de mobilidade – estações, viadutos, trincheiras, e outras –, vai priorizar a ampliação do direito à cidade para as populações mais pobres, com forte investimentos na urbanização de vilas e favelas. Vamos trabalhar muito para retomar e manter a aprovação da prefeita em nível elevado acima dos 70% e com boa unidade da Frente Ampla na Câmara Municipal. Marília já deixou claro que não será candidata em 2026 ao governo nem ao Senado e, sobre 2028, ela deixou claro também, na reunião com os presidentes de partido da base de apoio, que o seu candidato ou candidata será quem tiver melhor posicionado(a) para vencer a eleição contra a extrema direita e continuar o seu legado de quatro mandatos como prefeita de nossa cidade.
Marília não será candidata em 2026 devido ao anti-petismo e pela fragilidade do PT Minas, mas também em função da ruptura que seria renunciar da Prefeitura para concorrer a uma nova eleição. A sucessão não vai ser em 2026, e Marília, em entrevista ao Estado de Minas, deixou claro que vai continuar na Prefeitura os quatro anos: “Mesmo vitoriosa ao conquistar o quarto mandato à frente da Prefeitura de Contagem (Grande BH), Marília Campos decidiu não ser candidata a governadora em 2026 por conta da rejeição ao PT. De acordo com ela, o antipetismo impede a volta de seu partido ao governo. “Minha vitória foi estupenda em Contagem, mas não seria vitoriosa em Minas pelas minhas características. Eu tenho a consciência e a humildade necessária para reconhecer isso. Eu sou do PT; o antipetismo é muito forte”, diagnosticou a prefeita, acrescentando que também não adianta trocar de partido. “Porque o PT não sairá de mim, eu tenho a estrela carimbada na minha testa. É a minha história”. O antipetismo é tão forte que, segundo ela, impediu que sua votação, que foi de 60% nessa reeleição, alcançasse sua aprovação de 80%. Diante disso, a petista defende uma candidatura de centro, para, além de ganhar, “conseguir governar e tirar Minas do atoleiro”. “Não pode ser um projeto que comece na defensiva. Precisamos de alguém para Minas que seja de centro, que resgate o desenvolvimento com sustentabilidade, mas que não carregue essa rejeição por ser do PT. Eu sou do PT e sei o que é o antipetismo”. Admitiu que gostaria de ser candidata a governadora, porém, mais do que isso, quer um novo projeto para Minas. “Eu sonho com um projeto de alguém que consiga dialogar com os 853 municípios, com toda a diversidade geográfica, política e social. Tem que ser alguém de centro. O melhor perfil é o do senador Rodrigo Pacheco (PSD). Tenho orgulho de dizer que ele tem a estatura que o Estado precisa. Eu sou rodriguista. Vou trabalhar para convencê-lo”, adiantou ela ante a conhecida resistência do senador”.
Os eleitores de Marília de Contagem não aceitarão a renúncia dela da Prefeitura. Vale ressaltar também que, além das dificuldades para vencer uma eleição majoritária e para governar em função do anti-petismo, não sendo o mandato de prefeita coincidente com o governador, vice ou senador, uma candidatura implica numa ruptura muito grande com a cidade, que dificilmente seria aceita pela população. Mandatos de presidente, governador, senador são coincidentes e isso facilita o afastamento para disputa de um novo cargo, que se dá apenas já no final do mandato. Mas prefeito, sendo um cargo em disputa, no intervalo das eleições quase gerais, implica na renúncia do cargo no início do segundo ano de mandato. De concreto, Marília para disputar a eleição de 2026 teria que renunciar da Prefeitura no primeiro trimestre de 2026. Nas últimas eleições de 2022, dois prefeitos que renunciaram foram derrotados na eleição para os governos de Estado. Em Minas, Alexandre Kalil renunciou no segundo mandato, disputou a eleição para o governo do Estado e perdeu eleição no primeiro turno com votação de 35,09%; e o pior: Kalil foi derrotado também em Belo Horizonte onde obteve 42,55% dos votos. Outro caso de prefeito que renunciou ao mandato para se candidatar ao governo do Estado aconteceu na Bahia. ACM Neto também não obteve sucesso, renunciou ao mandato de prefeito de Salvador e perdeu a eleição do governo do Estado para o PT. Veja como é incerta a situação de prefeito que renuncia ao cargo para disputa para o governo de estado e para o Senado.(…) O “tempo político” não ajuda Marília a disputar cargos para além da Prefeitura. Não sendo candidata em 2026 a eleição seguinte será em 2030. Lá, ela estará com 69 anos e a eleição para o governo de Estado será de um governo que poderá disputar a reeleição e, no Senado, será apenas uma vaga em disputa.
Dois grandes objetivos do PT Contagem: chapa única no PED e uma estratégia eleitoral unificada com o apoio partidário a uma dobradinha de deputado federal / deputado estadual de nossa cidade. Será um enorme desafio para o PT Contagem manter o protagonismo na cidade depois do quarto mandato da prefeita Marília Campos. Marília é uma liderança histórica de esquerda em nossa cidade e será muito difícil ao PT Contagem sucedê-la. Veja o que aconteceu em grandes cidades que o PT governava com prefeitos(as) de dois mandatos e sem poderem se candidatar: perdemos as eleições em Araraquara, Lauro de Freitas, Teófilo Otoni e São Leopoldo. Será necessário superar a fragmentação política de tendências e mandatos parlamentares e fixar uma forte identidade de Cidade, que deve colocada acima do patriotismo partidário e de tendências. Uma primeira grande iniciativa neste sentido deve ser o lançamento de uma chapa única para o PED de 2025, de tal forma que sinalizemos para os filiados e simpatizantes que teremos uma unidade sólida nos próximos anos. Uma referência importante será a continuidade do companheiro Adriano Boneco na presidência de nosso partido e, com ele, constituirmos uma sólida direção partidária, com representantes de todas as tendências, dos principais formuladores do nosso projeto político, de petistas do governo Marília Campos, de nossos três vereadores e vereadoras, de representantes dos movimentos sociais. Uma direção política representativa que leve a cabo um ambicioso projeto de avanço e consolidação da reconstrução do PT em nossa cidade.
Uma segunda meta fundamental é uma tática eleitoral também centrada na identidade de nossa cidade, onde o PT Contagem se una em torno de uma dobradinha para deputado federal / deputado estadual da cidade, que tenha condições políticas de disputar a primeira ou a segunda colocação dentre os candidatos majoritários de nossa cidade. Em grandes cidades como Contagem, o candidato(a) a prefeito(a) para ser competitivo precisa mostrar nas urnas força política e representatividade. Veja os dois casos onde o PT governa atualmente. Em Contagem, Marília foi majoritária para deputada estadual em 2002 (28.064 votos); 2014 (votação espetacular de 61.224 votos) e em 2018 (33.407 votos, o que fez de Marília a segunda colocada, mas da cidade foi a primeira). Em Juiz de Fora, Margarida Salomão foi majoritária para deputada federal em 2014 (53.485 votos) e em 2018 (47.172 votos); Ana Pimentel foi eleita em 2022 com 39.476 votos, encostada na primeira colocação, o que faz dela uma forte concorrente na sucessão futura de Margarida Salomão. Mas por mais importante que seja não basta ser majoritário na cidade para vencer uma eleição: Guilherme Boulos e Natália Bonavides eram majoritários em São Paulo e Natal, respectivamente, e perderam a disputa para prefeito. Por isso, prefeito(a) vitorioso(a) precisa de uma grande votação em suas cidades, precisa constituir uma Frente Ampla de apoio e precisa ter capacidade de ampliação dos votos para além das bolhas de esquerda, com eleitores de centro e também de direita. Em cidades metropolitanas como Contagem, o voto é muito fragmentado, dezenas de candidatos conseguem votos, e somente uma sólida unidade do PT Contagem em torno de uma dobradinha petista de nossa cidade poderá garantir a disputa pela representação majoritária da cidade na Câmara Federal e Assembleia Legislativa.
José Prata Araújo é economista.