Todos os dias saio para o mundo. Encontro pessoas, refaço os passos, faço. Vivo. Erro. Aprendo. Enfrento o cansaço. Caminho dentro do tempo e envelheço me tornando uma pessoa melhor do que já fui. Não sou perfeito. Luto contra o machismo que trago em mim, resquício do que me ensinaram e ainda não desaprendi.

Combato o ódio e cultuo o diálogo. Tento ser gentil e solidário. Tenho pecados confessos e segredos secretos que correm em mim silenciosos e incessantes. Sobrevivo a tentações sem negar que existam. Mas me atenho a meus limites, sem mudar minha essência.

Todos os dias volto para casa. E sei que tudo que preciso é o seu amor. Maduro, tranquilo. No seu sorriso encontro paz. Nos seus braços, aconchego. E pelos olhos das nossas crianças enxergo como a vida é bela e cada momento é único. Ao dormir e ao acordar agradeço ao Deus que me habita e peço força para continuar sendo a pessoa que quero ser.

Todos os dias eu saio para o mundo e quando volto trago a certeza de que sou seu e de que juntos somos infinitos, belos e plenos.

Em nosso abrigo nos protegemos da guerra em seus horrores, das pessoas más e seus desamores. E quando nos batem à porta, ignoramos. Não atendemos. Por que a vida é feita de escolhas e não somos obrigados a receber quem insiste no amargo, quem prefere o azedo, quem não refina o paladar.

Nosso amor pede vinho, abraço e mar. Frutas maduras e muitos sabores. Pede poema e prosa, histórias boas para contar. Requer uma sombra na varanda para ver que nosso menino cresce, inventor, astronauta, jogador de futebol, sem limites para os sonhos. E que nossa mocinha, tão pequenininha, ama o azul, as flores e os bichos. Cheia de descobertas e caprichos, contando as horas para o aniversário de joaninha.

Todos os dias, saio para o mundo. E carrego comigo a vontade de voltar. Sabendo que bom mesmo é o retorno. Aquela sensação que se tem de que mesmo após a melhor viagem, delicioso é adentrar o sagrado espaço onde o amor nos habita.

Hamilton Reis é jornalista e advogado.