O nazismo adotou a mentira como princípio, dizendo que se ela fosse dita mil vezes se tornaria verdade. Fez seus estragos, seduziu aliados, exterminou em uma larga escala de horrores negros, homossexuais, judeus, ciganos e portadores de deficiência física ou mental. Envergonhou eternamente os alemães. Mas, ao final, Adolf Hitler foi derrotado.

Em Contagem, temos hoje um embate já em curso. De um lado estão os candidatos da direita, de baixa patente e estatura moral duvidosa. Uma turma de pouca ocupação produtiva e sem propósitos positivos para a cidade. Uma minoria desconhecida, de baixo clero e pouca credibilidade. E que, repetindo a estratégia das eleições de 2020, apela desde já para dois tipos de ações: as denúncias rasas e infundadas para marcar posição. E o trabalho sujo, apócrifo, aquele por meio do qual se bate e se esconde a mão.

A mentira no cartaz pregado nos muros sem assinatura, a mentira postada nas redes sociais sem a identificação de quem a criou, a mentira de colocar larva na comida do hospital de forma criminosa, como apontam as investigações da polícia. A mentira produzida coletivamente com o intuito de tentar desconstruir a imagem da prefeita Marília Campos e de desgastar a boa avaliação dos serviços prestados à população pela Prefeitura. A mentira que deve ser combatida mil vezes até que a verdade prevaleça.

Do outro lado está uma gestão que entrega, que toca mais de 550 obras na cidade, que governa com amplo apoio do legislativo, com o respeito do judiciário e com a aprovação da maioria da população. Enquanto a direita se esforça para nacionalizar o debate e ataca o Movimento Sem Terra, cujo acampamento foi visitada por estudantes de escolas públicas, o povo quer saber quando terá asfalto novo na rua da sua região. Enquanto a direita quer discutir o banheiro unissex, criado por ela, assim como a mamadeira de piroca, as pessoas querem saber quando serão concluídas cada uma das etapas do complexo Maracanã, a maior obra viária de todos os tempos. E que inclui saneamento básico, parque linear e ciclovia, além de garantir mais qualidade de vida para quem mora nos bairros da região Sede.

O comportamento que a direita repete na cidade é lamentável. Provoca náuseas e indignação. A direita não nega que vive em função do dinheiro, do lucro. Resolve eventuais divergências com PIX, dólares, euros. Quando se apossa do poder é para atender os interesses de poucos, dos ricos e dos muito ricos. Miram a Prefeitura como se ela fosse um grande negócio. Uma forma de burlar a lei e encher os bolsos. Um espaço aberto para a falcatrua. Riem da honestidade e estão sempre dispostos a comprar quem pensa o contrário. Prezam o seu uísque, tão envelhecido quanto suas ideias, comem do bom e do melhor, vestem grifes chiques, gostam de coca e perfume francês.

Mas os seus propósitos fedem. Uma hipocrisia cínica, uma insensatez crônica, representada na esfera judicial, no executivo e legislativo. Afinal, a burguesia compra os seus espaços e os seus representantes. É essa gente que a cada eleição nos ronda. É essa gente que se organiza para tentar tomar a cidade de assalto. Precisamos ficar atentos. Vigiar e orar. Trabalhar incansavelmente, junto com todos e todas que defendem que a política só tem sentido se for feita para o bem comum.

A prática da direita, que agora é chamada de fake news, lembra a parábola que conta que certa vez, a Mentira e a Verdade se encontraram. A Mentira disse: Bom dia, senhorita Verdade.

Ao ouvir isto, a Verdade foi conferir se realmente era um bom dia. Olhou para o alto, não viu nuvens de chuva e havia pássaros cantando. Uma brisa suave envolvia toda a atmosfera. Ela viu que realmente era um bom dia. Então respondeu: Bom dia, senhorita Mentira.

A Mentira prosseguiu: Sinta o calor que faz hoje. Tendo percebido que pela segunda vez a Mentira estivera certa, a Verdade relaxou. Então a Mentira convidou-a para um banho no rio. Despiu-se de suas vestes, pulou na água e disse: Venha refrescar-se, Verdade, a água está deliciosa.

Assim que a Verdade inocentemente tirou suas vestes e mergulhou, a Mentira saiu de fininho das águas, vestiu-se com as roupas da Verdade e foi-se embora.

Dando-se conta do que ocorrera e coerente a sua natureza, a Verdade recusou-se a vestir-se com as vestes da Mentira e, por não ter do que se envergonhar, saiu a caminhar pelas ruas e vilas totalmente nua.

É por este fato que, desde então aos olhos de muita gente, é mais fácil aceitar a Mentira vestida de Verdade, do que a Verdade nua e crua.

E você, o que prefere? De que lado está? No embate entre esquerda e direita, essa é a pergunta que precisa ser respondida. Não apenas por causa das eleições que se aproximam, mas para a vida seja mantida no rumo certo, e para que a política volte a ser disputada por adversários e não por inimigos. É preciso preservar o debate de ideias. E defender que a prioridade deve ser a proteção social dos que mais necessitam do poder público para viver com dignidade e ter os seus direitos mínimos respeitados e preservados. Esse é o papel da esquerda, esse é o compromisso que está sendo cumprido em Contagem. É contra ele que a direita mira seus ataques e suas mentiras. É a favor dele que está a verdade, que precisa ser repetida mil vezes para continuar sendo a verdade e prevalecer.

Hamilton Reis é jornalista e advogado.