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Gláucia Helena: Escola pública é espaço de conhecimento e afeto, não de doutrina e negacionismo

Vivemos um momento muito distinto dentro do processo de ensino e aprendizagem nas escolas públicas em Contagem. Temos uma diretriz Pedagógica que reflete uma concepção mais plural e progressista de educação, mas ainda permanece em nós resquícios de uma formação rígida de conteúdo programático e sem diálogo interativo. O que torna o processo de adesão a novas propostas e concepções mais morosas. Não quer dizer que não existe aceitação. Mas é preciso respeitar o tempo de cada um, das formações devidas, do convencimento e o apaixonar necessário para que um novo projeto se constitua.

Do lugar que falo hoje, da gestão escolar, posso afirmar sem medo, que estamos em processo satisfatório de adesão e mudanças. Ainda existe resistência, temos dentro das escolas as mesmas concepções políticas que permeia cada sujeito, cada servidor e servidora que lá atua. Daí o papel de gestão em flexibilizar as intervenções, buscar um caminho consensual, sem abrir mão da construção democrática, plural e territorial da educação.

Meu sonho é que toda escola tenha uma equipe boa de comunicação, ao menos um funcionário e funcionária que possa se dedicar a mostrar tudo que se realiza lá no chão, no dia a dia. Tem muitos avanços acontecendo, nem tudo dá pra sair publicado na página da prefeitura, mas o diálogo com a comunidade e o território se dá nas redes sociais da própria escola, e isto precisa ser permanente.

Hoje, a tarefa de mostrar à comunidade escolar os investimentos que fazemos fica na mão das e dos dirigentes escolares. Ou de algum funcionário com expertise em informática que se disponha a fazer. E nem tudo é possível comunicar.

Sou uma assídua espectadora dos vídeos de balanço semanal da Prefeita Marília, este formato de vídeo é que penso deveria ser uma constante nas escolas. Este é um ponto pra pensarmos para uma próxima gestão.

Dentro das nossas escolas quebramos todos os dias as fakenews que tentam desqualificar a educação pública. A ciência, princípio de todos os conteúdos ensinados, está lá, mostrando nas ações, projetos e atividades dos estudantes, o quanto são fundamentais para compreenderem o mundo que vivem e terem uma perspectiva para atuar para mudanças neste universo. Doutrina não é construção da escola, lá se vê a diversidade, no debate e construção do conhecimento. Tenho dito que doutrina é campo da religião, eu sigo uma e cada pessoa a sua. A que nos aproxima mais de Deus. E Deus não é uniforme, ele é o princípio, onde cada religião o entende e segue como acredita. Portanto, não cabe a escola a descrição de Doutrinação. Isto não é componente da educação.

A escola em sua essência é espaço do afeto. Onde estudantes estão se reencontrando como crianças e adolescentes, de princípio socializante e de civilidade. Não está fácil este reencontro, o isolamento fortaleceu o instinto de preservação individual. O individualismo tem sido constante, mas derrotado em cada ação coletiva e solidária que propomos. Projetos como o Mais Cidadania que implantamos aqui na escola Eli Horta Costa, traz todos os meses um tema social para a cena educativa. Reunimos na quadra, resgatamos a identidade com o país e a cidade, com a execução dos Hinos, falamos e abrimos o diálogo sobre temas e situações de mudança de comportamento, como a violência contra mulher e empoderamento, abuso sexual, viver com sustentabilidade ambiental, relações abusivas, o adolecer e seus dilemas. Projetos como o Escola Viva, carro chefe da Seduc, da outra dimensão de relação e convivência, para fortalecer vínculos e melhorar o desempenho individual e coletivo.

Ações assim nos dão ânimo e fortalece a esperança de que derrotar o ódio, o egoísmo, o negacionismo é tarefa da escola progressista, plural, integrada e integral.

É pela educação, freirianamente falando, que as pessoas mudam, e assim transformam o mundo, em um espaço mais humano e civilizado.

Educar é prioritariamente, um ato de amor, compromisso e afeto! Não tem espaço para doutrinação, nem para negacionismo.

Gláucia Helena de Souza é Pós Graduada em Sistema de Proteção Social, Seguridade e Trabalho, professora de História da Rede Municipal de Contagem e Diretora da Escola Municipal Eli Horta Costa

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