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Camila Marques: Contagem faz adesão ao “Pé-de-Meia” e beneficia jovens no Ensino Médio

Imagina que sonho seria se um jovem estudante de escola pública que entrasse hoje no ensino médio tivesse, ao sair, uma poupança paga pelo governo? Pois é, mas isso não é mais sonho! É uma realidade para jovens do ensino médio de Contagem e de todo o Brasil.

O Governo Federal lançou no último mês o Programa Pé-de-Meia, que fornece incentivo financeiro-educacional no formato de poupança, para promover e incentivar a permanência e a conclusão escolar de estudantes matriculados no ensino médio público. Nesse sentido, pretende-se democratizar o acesso à educação e reduzir as desigualdades sociais entre os jovens do ensino médio.

O Programa é destinado a jovens estudantes de 14 a 24 anos, de baixa renda e que estejam matriculados no ensino médio regular ou a jovens estudantes de 19 a 24 anos matriculados na EJA e em ambos os casos exige-se que a família esteja inscrita no Programa Bolsa Família. Ao todo o “Pé-de-Meia” apresenta quatro tipos de incentivo que somados, ao fim do Ensino Médio, podem conceder ao jovem estudante até R$9.200,00:

• Incentivo para a matrícula escolar: 200 reais por ano;
• Incentivo de frequência: 1.800 reais por ano, dividido em 9 parcelas de 200 reais por mês (exceto neste ano, que será de 1,600);
• Incentivo para conclusão do ano letivo: 1.000 reais por etapa;
• Incentivo-Enem: 200 reais para o estudante que comprovar participação no ENEM no 3° ano do Ensino médio.

Em Contagem o programa irá beneficiar os alunos que frequentam o ensino médio da FUNEC – Fundação de Ensino de Contagem que não precisam cadastrar-se para fazer uso do benefício, pois a inserção dos estudantes elegíveis será de responsabilidade da FUNEC.

Ao ser anunciado, o Programa recebeu algumas críticas de pessoas que, na minha visão, tem pouca compreensão do significativo impacto que essa iniciativa trará. Nos últimos anos, mas principalmente no período pós-pandemia, o Brasil vem experimentando taxas de evasão escolar alarmantes.

Por dificuldades financeiras e uma situação de vulnerabilidade social, jovens são confrontados, cada vez mais cedo, com a necessidade de fazer a difícil escolha entre seguir nos estudos e construir perspectivas e possibilidades de mobilidade social ou de se submeterem a situações de trabalho precarizado e em grande vulnerabilidade. Pois na prática, os jovens abandonam os estudos em busca de um trabalho e uma remuneração que não existem para quem não tem formação, ou pior, são expostos a cenários de violência e vulnerabilidades extremos.

Deixo aqui o questionamento: como exigir resultados iguais de jovens que estão submetidos a tantas condições de desigualdade? Em um contexto em que temos jovens com condições de dedicação exclusiva aos estudos e outros jovens que, por vezes, tem que dividir o seu tempo entre seis horas de sala de aula e outras oito ou até dez de responsabilidades domésticas e profissionais, como forma de auxiliar em casa, fica quase impossível que ambos conquistem resultados iguais no ENEM ou em vestibulares de grande concorrência, por exemplo.

Fato é, que o Governo Lula, através desse programa apresenta uma resposta efetiva e imediata para a questão da educação desses jovens e constrói uma condição de avanço importantíssimo para essa parcela da juventude que por vezes, se via sem perspectiva de construir o projeto de vida da forma que desejava por diversos atravessamentos de vulnerabilidade sob os quais eram inseridos.

Entretando, somente um programa de incentivo financeiro como esse não resolve, por completo, a questão da evasão escolar e os problemas do modelo educacional atualmente aplicado. Já restou comprovado que o “Novo Ensino Médio” não deu certo e nesse sentido, tramita no Congresso Nacional uma nova proposta de projeto apresentada pelo Governo Lula.

No modelo anterior, a carga horária de diversas disciplinas tradicionais foi diminuída para dar lugar a disciplinas optativas conforme o interesse do estudante. Entretanto, na prática o que foi verificado eram diversas escolas sem infraestrutura suficiente para atender o novo modelo, professores sem a formação adequada para ministrar novas disciplinas e uma ampliação na desigualdade de acesso ao ensino superior ao comparar-se a rede pública e a rede particular.

A expectativa que fica para as juventudes é que a somatória das diversas iniciativas que vêm sendo adotadas pelo Governo Lula, de curto e médio prazo, possam desenhar um futuro com novas perspectivas e possibilidades. Iniciando um processo de reconstrução de novos horizontes e deixando para trás todo o desmonte educacional que foi efetivado no último período a nível federal.

Camilla Marques é advogada e pós-graduada em juventudes. Superintendente de juventudes na Prefeitura de Contagem.

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