Quando pensamos no cinema em Contagem logo lembramos de personalidades de nossa cidade que têm feito muito sucesso no Brasil e no mundo, contudo, uma investigação detalhada dos registros históricos disponíveis na Casa Nair Mendes: Museu Histórico de Contagem e uma coleta de depoimentos orais da população revelam que a paixão do contagense pelo cinema está presente na cidade desde os tempos mais antigos.
Maria das Graças Silva Costa, moradora do Bernardo Monteiro, revelou em entrevista que o trem era um meio de transporte muito utilizado pelos moradores que desejavam ir até o Cine Teatro de Contagem. Maria contou que ela e várias pessoas pegavam o trem na Estação Bernardo Monteiro, desciam na Estação Tiradentes e depois subiam a Rua Dr. Cassiano andando até o cinema.
Esse trajeto se repetia muitas vezes e era parte do cotidiano da população. Frequentar o cinema da cidade era um momento de contemplação da arte, mas também era a oportunidade de rever amigos, familiares, amores e todas as delícias e belezas que a cultura proporciona. O cinema era concebido como um importante espaço da cidade e tinha um público muito diversificado.
O depoimento de Maria das Graças foi concedido à Agência de Iniciativas Cidadãs – AIC, que está elaborando nova exposição para a Estação Bernardo Monteiro, toda custeada pela Valor da Logística Integrada – VLI. O resgate das histórias e memórias da Estação evidenciaram o cinema como uma atividade corriqueira da vida da população.
Nos arquivos da Casa Nair Mendes: Museu Histórico de Contagem, bem como no livro de tombo do Cine Teatro Tony Vieira localizamos uma série de fotografias, depoimentos, matérias de jornais, capas de filmes, entre outras fontes históricas, que nos permitem constatar que o contagense ama cinema e que essa história tem suas origens lá no passado.
O Cine teatro permeia a memória de antigos e novos moradores. Quando o assunto é cinema logo ouvimos relatos de casais que ali começaram a namorar, de amigos que se divertiam muito nessas sessões e boas lembranças dos trabalhadores que se dedicavam à tarefa de cuidar e promover ações no cinema.
As histórias e memórias de um povo estão diretamente ligadas ao patrimônio histórico. Os saberes, conhecimentos e as tradições são o que mantêm vivas as identidades de um povo. E a história do Cine Teatro ultrapassa a ideia e a imaterialidade e se desdobra em uma estrutura física preservada. O Cine Teatro Tony Vieira é um patrimônio histórico tombado pelo decreto nº 10.806 em 31 de maio de 2001.
Atualmente o Cine Teatro está passando por um processo de restauro e será reaberto à população no segundo semestre de 2024. O governo Marília Campos foi primordial para esse processo. Fechado desde 2011, O Cine Teatro foi palco não apenas de filmes, mas também de shows, bailes e muitas formaturas. A reabertura do Cine Teatro reforça o compromisso do governo em viabilizar a democratização do acesso á arte e cultura no município.
Os contagenses têm uma relação afetiva muito potente com o Cine Teatro e ciente dessa importância, Marília não poupou esforços para viabilizar a restauração desse importante equipamento e devolvê-lo à cidade. Todo o processo de revitalização do Cine Teatro tem sido desenvolvido dentro uma perspectiva participativa e coletiva, envolvendo a Secretaria de Cultura – SECULT, a Secretaria Municipal de Obras e Serviços Urbanos – SEMOBS, o Conselho Municipal do Patrimônio Histórico – COMPAC, a Regional Administrativa Sede e a Comissão Cine Teatro, formada por cidadãos da cidade.
Em breve o Cine Teatro Tony Vieira estará reaberto e com uma programação diversificada para atender artistas, produtores, cineastas e toda a população. Mas enquanto o Cine está em restauro o contagense poderá vivenciar a arte do cinema em outros locais. O audiovisual está em alta na cidade.
Enquanto o Cine Teatro está sendo restaurado, as ações de cinema serão garantidas em parte pela Lei Paulo Gustavo – LPG, que viabilizou o repasse de cerca de 4 milhões aos cofres públicos de Contagem, irá proporcionar uma cena diversa do audiovisual no município. Ao todo, 172 proponentes foram contemplados nos editais elaborados pela Secretaria de Cultura, sendo que 72% dos recursos foram destinados ao setor de audiovisual, conforme determina a lei.
Os contemplados nos editais já receberam seus recursos e em breve começam as ações de cinema na cidade. Teremos 6 cinemas itinerantes no município, que irão proporcionar pelo menos 30 exibições de filmes pela cidade. Todas as regionais serão contempladas com essas atividades. Além disso, também foram aprovadas duas grandes mostras de cinema, propiciando aos cidadãos um leque de possibilidade para vivenciar essa arte.
A LPG contemplou ainda proponentes que irão desenvolver roteiros de curta, média e longa; produção de audiovisual comunitário, web série; web canal; produção de curtas e médias, finalização de curtas; vídeo clipe; vídeo dança e game. Contagem está fervilhando no campo do audiovisual.
Vale ressaltar que Contagem é também um celeiro de talentos cinematográficos reconhecidos. Em 2021, o filme “Marte Um”, produzido pela Filmes de Plástico, uma produtora originária de Contagem, que ganhou destaque nacional ao concorrer para representar o Brasil no Oscar. Embora não tenha obtido a indicação final, o filme já era considerado um sucesso, tendo conquistado ampla aclamação do público e crítica, consolidando a reputação da produtora no cenário cinematográfico.
A paixão de Contagem pelo cinema, uma arte profundamente entrelaçada com a cultura e história local, persiste desde tempos remotos até os dias atuais. Compreendendo a importância desse legado, o governo Marilia Campos está empenhado em não apenas preservar, mas também expandir a influência do cinema no município. Esforços contínuos são feitos para apoiar e promover projetos cinematográficos, proporcionando recursos e infraestrutura necessários para que cineastas locais possam criar e exibir suas obras. Assim, a tradição cinematográfica de Contagem não só vive, mas floresce, reafirmando a cidade como um vibrante centro cultural. Viva a tradição do cinema em Contagem!
Aniele Fernandes de Sousa Leão é doutoranda em Educação, pela UFMG. Mestre em Educação (CEFET), Especialista em Gestão de Projetos (USP); Graduada em História (UNIBH) e Pedagogia (UNINTER). Atua como Superintendente de Políticas Culturais na Secretaria de Cultura de Contagem.