A inteligência de Marília ao lidar com o empresariado é um dos principais motivos da atratividade econômica crescente da nossa cidade. Sua capacidade de articulação foi bem notável sob a ótica da Secretaria de Fazenda e do Meio Ambiente (órgãos por onde passei), na grande onda de regularização cadastral, tributária, fiscal e ambiental que realizaram tantas empresas nestes anos. Aqui não existe “pedágio” para atividade econômica fluir, tampouco parcerias eleitorais espúrias, a troco de descontos.
Paralelamente, o alto grau de investimento público, somando R$ 1,5 bilhão em investimentos, em razão das 550 obras em execução, como a requalificação de 18% da cobertura de asfalto, a revitalização de praças, as duas novas UPAs, os sete novos Cemeis, o complexo Maracanã e o Sistema Integrado de Mobilidade, é motor para o correspondente crescimento privado. Nosso vitorioso projeto de cidade é Pós-Keynesiano e Desenvolvimentista, exemplo histórico para tais modelos.
Assim, o projeto Marilista tem sido essencial para fortalecer a base econômica da cidade, aumentar a geração de empregos e garantir um ambiente de negócios mais competitivo. Reflexo disso é nossa cidade ser a segunda em empregos mesmo sendo a terceira economia – certos meses alcançamos o primeiro lugar.
A análise desse cenário pode ser enriquecida à luz das teorias de Joan Robinson, economista pós-keynesiana que estudou as dinâmicas do emprego e do desemprego, especialmente no contexto de mercados imperfeitos. Acabei de ler Introdução a Teoria do Emprego – indicação do meu Secretário e amigo Carlos – e não pude deixar de compará-lo com nossa realidade a todo momento, sem anacronismos. Robinson destacou a existência do “Monopsônio” no mercado de trabalho, uma estrutura em que poucas empresas empregadoras detêm poder de mercado significativo, podendo impor salários mais baixos devido à falta de concorrência por trabalhadores.
Em Contagem, a diversificação industrial e o incentivo à chegada de novas empresas ajudam a reduzir esse efeito de monopsônio, ao ampliar a concorrência entre empregadores e possibilitar melhores condições de trabalho. Além disso, Robinson argumentava que o emprego surge quando há demanda efetiva, ou seja, quando os investimentos e o consumo impulsionam a produção e a necessidade de mais trabalhadores. O modelo adotado pelo Marilismo segue essa lógica, ao aumentar o investimento público na casa do bilhão, reformar os tributos, incentivar a regularização, aproximar-se dos empresários, estimular a economia e criar um ciclo virtuoso de crescimento e geração de empregos.
Fato importante de se mencionar é que a relação de Marília com o crescimento econômico não é feita nas costas do trabalhador: desde a Reforma Tributária aprovada em seu governo, a estrutura de cobrança de impostos se tornou bastante progressiva – para se ter ideia, 58% das residências são isentas de IPTU pelo seu valor ou por algum critério de isenção, e as que pagam representam apenas 25% do valor arrecadado, sendo os outros 75% decorrentes de empresas ou lotes vagos. Essa é a justiça clara do maior imposto do município!
Materializa-se assim o verdadeiro sonho do povo: a evolução financeira cuja compensação social (impostos) valha a pena!
Prata, a Marília é realmente uma Intérprete de Sonhos como você disse no PT no lançamento da Cartilha. Vivemos a Economia do Bem-Estar!
Outro impacto direto disso é relatado a seguir a partir de dados do Ministério da Indústria – nossa economia é internacional e pujante!
Nesse contexto, partindo para os dados, Contagem exportou 100 mil toneladas que equivalem a 350 milhões de dólares em produtos de Janeiro a Setembro de 2024, a partir de dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. Seus maiores parceiros comerciais, entre países e blocos, são:
Exportações de Contagem por país:
Exportações de Contagem por bloco:
Importações de Contagem por país:
Importações de Contagem por bloco:
O Jornal Valor Econômico apresentou recentemente um problema evidente nos dados acima: A China tem tomado o espaço brasileiro nas exportações para a América do Sul – pois, no momento em que Brasil reduziu de 13,2% para 11%, a China passou de 22,1% para 23,4% em representação na balança comercial desse bloco. Somente Contagem, analisando-se o período de Janeiro a Setembro de 2023 e 2024, reduziu em 15,3% as exportações para a região. Tais exportações têm grande importância ao possuírem maior valor agregado – por serem produtos mais industrializados, contribuem para a diversificação da economia e para o desenvolvimento local.
Na balança comercial brasileira e nas cidades de forma geral, a China aparece reiteradamente como um dos maiores importadores de produtos brasileiros, mas este não é o caso de Contagem: por não ser grande produtora de commodities como Soja, Ferro, Petróleo, Carnes e Celulose, que são os principais interesses chineses em nossa pátria.
Por outro lado, nossa relação com os Norte-Americanos, Europeus e Sul-Americanos é fundamental para a economia local. Porém, esse é um fator muito variável, devido às mudanças de empresas entre municípios. Em razão disso, é também essencial que o planejamento local busque a diversificação da atividade econômica nos municípios, como Contagem tem feito a nível industrial e comercial, mas também agrícola (de forma bastante incipiente).
Economia Global
Para a economia global, o FMI estimou, em relatório divulgado em 22 de outubro, um crescimento econômico moderado nos próximos anos, em meio ao forte crescimento das exportações e importações chinesas, ao enfraquecimento da atividade nos Estados Unidos e a uma melhora leve na Europa.
O Fundo também previu crescimento real em 3,2% do PIB global para 2024. Paralelamente, elevou a 3% a projeção de crescimento do Brasil neste ano, mas piorou o cenário para 2025, citando a política monetária restritiva, como a alta taxa básica de juros do Banco Central, que desincentiva o consumo.
Estados Unidos
Maior parceiro comercial da cidade, seu arrefecimento econômico previsto é fator a se levar em consideração. Também, a instabilidade econômica do país pelas medidas protecionistas e contraintuitivas de Trump – como a sobretaxa para o aço importado anunciada que impactarão diretamente as exportações chinesas e brasileiras. Lembrando que, o aço é um ativo econômico importantíssimo para Contagem.
Política Fiscal Internacional
A recente redução da taxa de juros dos EUA pelo Federal Reserve (Fed) pode afetar o fluxo de capitais para o Brasil, influenciando o câmbio na medida em que incentiva investimento em outros países, sobretudo os que possuem alta taxa básica de juros, como é o caso brasileiro. Dessa forma, pode ocorrer também a valorização do Real a partir da desvalorização do Dólar, mas como isso impacta Contagem?
Contagem possui uma Dívida Externa com o Banco de Desenvolvimento da América Latina e Caribe (CAF) que é dolarizada, e obteve aprovação para mais um empréstimo, com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Devido ao aumento substancial do Dólar neste ano, foi necessária suplementação do previsto para pagamento da mesma. Felizmente, a situação fiscal do município é boa, considerada nota A pelo Tesouro Nacional, e têm capacidade de pagamento para tais surpresas.
Ademais, acordos comerciais internacionais, como entre Mercosul e União Europeia, podem afetar tarifas de importação e exportação, impactando a competitividade de produtos.
Análise
Tudo bem considerado, o governo Marília tem promovido avanços significativos no desenvolvimento econômico e na internacionalização de Contagem, consolidando a cidade como um polo industrial e comercial de destaque. Entre as principais realizações, resumidamente, estão:
Aumento das Exportações: De janeiro a setembro de 2024, Contagem exportou 100 mil toneladas em produtos, totalizando US$ 350 milhões. Isso demonstra a relevância da cidade no comércio exterior brasileiro, especialmente na indústria de transformação e produtos de alto valor agregado.
Ampliação de Parcerias Comerciais: Contagem fortaleceu laços com mercados estratégicos, como Estados Unidos (R$ 145,6 milhões em exportações) e Países Baixos (R$ 71,6 milhões). A diversificação dos destinos comerciais é um reflexo da internacionalização das empresas locais, visto por suas exportações
Investimentos em Infraestrutura e Logística: O fortalecimento da infraestrutura logística tem sido uma prioridade, facilitando a movimentação de mercadorias e reduzindo custos para as empresas, tornando a cidade mais atrativa para investimentos industriais e comerciais.
Estímulo à Indústria e ao Setor de Tecnologia: O governo municipal tem buscado ampliar a industrialização e fomentar setores tecnológicos, agregando valor às exportações e gerando empregos de maior qualificação.
Apesar dos avanços, Contagem enfrenta desafios relevantes que precisam ser abordados para garantir a continuidade do crescimento econômico:
Redução das Exportações para a América do Sul: A queda de 15,3% nas exportações para a região é preocupante, especialmente diante do aumento da presença chinesa. Para reverter essa tendência, será essencial fortalecer acordos comerciais e incentivar a competitividade das indústrias locais.
Dependência da Economia Norte-Americana: Os Estados Unidos são o maior parceiro comercial da cidade, e a atual instabilidade econômica no país pode impactar diretamente Contagem. Medidas protecionistas, como eventuais sobretaxas ao aço, também representam riscos para a indústria local.
Diversificação de Mercados: Expandir a participação em mercados asiáticos e africanos pode ser uma estratégia para reduzir a dependência dos Estados Unidos e da União Europeia, garantindo maior estabilidade comercial.
Estímulo ao crescimento de Valor Agregado: Incentivar setores de alto valor agregado, como tecnologia e biotecnologia, é uma oportunidade para aumentar a competitividade das exportações e reduzir vulnerabilidades no comércio internacional.
Keith Richard Brauer é formado na USP e Mestrando em Economia na UFMG. Assessor de Gabinete na Secretaria Municipal de Fazenda de Contagem.