Neste último 27 de junho recebemos em Contagem o presidente Lula. Como ressaltou Marília em seu discurso no grande encontro na Avenida Maracanã, nossa história com Lula vem de longe, das lutas sociais e democráticas das décadas de 1970, 1980 e 1990. Participamos junto com nosso presidente das grandes lutas sociais, ele no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC paulista e eu, José Prata, e Marília no Sindicato dos Bancários de Belo Horizonte e Região. Nos encontramos com Lula em inúmeras lutas sociais e na fundação da CUT e do PT.
Campanha para a Prefeitura de Contagem, em 1996. Marília, depois de concluir sua brilhante trajetória sindical no sindicalismo bancário, disputou, pela primeira vez, a eleição para prefeita de nossa cidade. Mulher jovem, “atrevida” e ousada, teve 20% dos votos numa eleição em que disputou com Newton Cardoso e Ademir Lucas. O PT na época já tinha 15 anos de construção, já tinha disputado eleições para prefeito com boas votações, tinha eleito vereadores, projetado lideranças para Minas e o Brasil, tinha boa presença nos movimentos sociais de nossa cidade. Marília foi favorecida por este acúmulo político, mas fez uma campanha sem quase nenhuma estrutura. Marília venceu por 16 votos as prévias do PT, contou com o apoio da militância na campanha, correu a cidade no primeiro carro que tivemos (um gol cor vinho, que dei para ela com a venda do meu primeiro livro) e teve inserções no SBT, que tinha programas populares, sobretudo nos finais de semana, de grande amplitude. E nos intervalos dos programas Silvio Santos e do Gugu, estava ela, Marília, falando de esperança e numa cidade melhor. O jingle de campanha cantarolava: “Nossa estrela no céu desta cidade brilha / a esperança é mulher / nossa canção é Marília”.(…) Um reforço fundamental em nossa campanha de 1996 foi dele: Lula. Publiquei recentemente em minhas mídias sociais as fotos do operário e da mulher bancária na avenida João César de Oliveira. Depois de ser derrotado em duas eleições, em 1989 e 1994, Lula corria o Brasil na sua luta obstinada para levar os trabalhadores à presidência da República; e ele esteve em Contagem para apoiar Marília na histórica campanha de 1996.
Nossos sonhos viraram realidade. Lula, depois de perder novamente em 1998, virou presidente na quarta tentativa, em 2002, o primeiro operário na história a ocupar o mais alto posto em nosso país; e, em 2004, Marília, depois de eleita vereadora e deputada, virou prefeita, a primeira mulher a governar Contagem em toda a história de nossa cidade. Foi Lula quem viabilizou grandes conquistas no governo Marília em Contagem: a nova maternidade, 21 escolas infantis, o Cefet, a gigantesca obra no ribeirão Arrudas, dentre outros grandes investimentos. Marília, em diálogo com o governo Lula, conseguiu que os investimentos dos PAC 1 e 2 fossem realizados para Contagem a fundo perdido, com recursos do Orçamento Geral da União – OGU, já que Contagem, quebrada, não tinha nenhuma condição de realizar grandes investimentos com recursos do Tesouro nem de empréstimos. Ou seja, foi o governo Lula quem viabilizou o governo Marília Campos com grande apoio político e financeiro à nossa Cidade.
Lula e Marília se tornaram duas lideranças inesquecíveis e praticamente “indestrutíveis”. O que impressiona é como Lula e Marília atravessaram todas as conjunturas no Brasil e no mundo e permaneceram com suas lideranças praticamente intactas. São duas lideranças inesquecíveis e praticamente “indestrutíveis” para usar uma expressão do cientista político Wanderley Guilherme dos Santos. Marília, em 2020, foi eleita para um terceiro mandato na Prefeitura, e reencontra com Lula, eleito presidente em 2022, para um terceiro mandato como presidente do Brasil. Realizamos novamente nossos sonhos, com “Marília aqui; Lula lá!”. A visita de Lula a Contagem é um reencontro histórico de Lula e Marília, do petismo originário das grandes lutas sociais das décadas de 1970, 1980 e 1990. É um momento de reafirmar o vínculo estreito de Lula com nossa Cidade, com novos grandes investimentos, como a da Avenida Maracanã, onde nos encontramos, grandes avanços também na saúde, educação, cultura e mobilidade. O encontro de duas grandes lideranças do petismo das origens deverá continuar agora com a reeleição da Marília neste ano de 2024 e, em 2026, Lula de novo, se for necessário, para derrotar os “trogloditas”. Contagem, que entrou para a história com a greve dos operários em 1968; agora poderá fazer história novamente com Marília, que lidera uma Frente Ampla para unir Contagem e derrotar o extremismo de direita.
José Prata de Araújo é economista e especialista em direitos sociais.