A Região Metropolitana de Belo Horizonte, composta por 34 municípios com uma população aproximada de 5.128.282, acrescida pelo Colar Metropolitano com 16 municípios com uma população aproximada de 605.501, totalizando 5.733.783 habitantes figurando como a terceira maior aglomeração urbana do Brasil. Uma boa parte desta população se desloca cotidianamente usando principalmente o transporte coletivo para acessar os diversos serviços que lhes são oferecidos seja para a saúde, trabalho, educação, lazer etc.
Segundo o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) 44,3% da população brasileira usa o transporte público para se deslocar, sendo que o percentual mais elevado de pessoas que usam este transporte se encontra na Região Sudeste com 50,7% de sua população.
Os dados de março de 2024[1], demonstram que o sistema de transporte coletivo por ônibus que opera na RMBH tem uma frota operante de 2.800 ônibus dividido em 635 linhas que produz 11.000.497 km, transportando cerca de 688.000 passageiros dias, o IPK (Índice de Passageiros por KM) do sistema metropolitano é de 2,32 que levando em conta a grandiosidade da RMBH é Considerado baixo. Um dos motivos de se ter um IPK dissonante da demanda está geralmente relacionado ao modelo de rede estabelecido onde a capilaridade do sistema metropolitano de ônibus que é boa, se perde. Isso ocorre devido à alta produção quilométrica das linhas. O IPK é um dos indicadores de desempenho mais importante no planejamento do sistema de transporte coletivo, neste caso específico, vem mostrando a necessidade de otimizar o tecido urbano em que a rede de transporte é instalada, com o objetivo de potencializar a produtividade do sistema atendendo de forma mais confortável a necessidade de deslocamento da população usuária da Grande BH.
HORÁRIO DE PICO DO SISTEMA METROPOLITANO
A maioria da população usuária do sistema de transporte público metropolitano, tem como destino à capital mineira, seu objetivo é acessar os diversos serviços que não encontram em seus municípios, o trabalho por exemplo é responsável pela maioria do deslocamento seguido pela saúde e educação. Hoje um dos maiores problemas encontrado para realizar esses deslocamento é o sistema viário, a cidade Brumadinho por exemplo é uma das Cidades que tem o itinerário mais difícil de concluir da RMBH, obrigado a passar pelas centralidade de 3 cidades como Mário Campos, Sarzedo e Ibirité chegando no centro nervoso de uma das Regionais mais populosa de BH, (Barreiro) atingindo a Cidade Industrial (Contagem) para em seguida pegar toda a lentidão da Av. Amazonas, este trajeto costuma em horário de pico gastar um tempo em torno de 2 horas e 30 minutos para ser concluído, ficando alguns usuários em pé por pelo menos 1 hora e trinta minutos dentro de um equipamento superlotado e exposto a um itinerário extremamente lento.
Portanto as pessoas que precisarem de acessar o Centro da Capital Mineira, em horário de movimento, encontrará em todos os sentidos um sistema viário altamente comprometido com suas diversas linhas de desejo. Para esclarecermos melhor vamos considerar as opções viárias mais importantes que temos:
• No Vetor Norte – MG 010/Av. Cristiano Machado; Av Dom Pedro I/Av. Antônio Carlos.
• No Vetor Sul – BR 356/Av. Nossa Senhora do Carmo; Av. Raja Gabaglia.
• No Vetor Leste – BR 262/BR 381, Via 710/Av. dos Andradas.
• No Vetor Oeste, BR 262/BR 381; Av. Cardeal Eugênio Pacelli (Cidade Industrial), Av. Amazonas.
Além destas é importante destacar ainda a Via Expressa (Via Urbana Leste Oeste – VULO), que liga Belo Horizonte a Betim, que se articula, direta ou indiretamente, com muitas destas vias mencionadas acima, propiciando ligações alternativas relevantes para o escoamento do tráfego em toda a RMBH.
Como podemos ver, as opções apresentadas acima precisam urgentemente passar por um processo de otimização, e a única forma que temos é a retirada dos ônibus do transporte coletivo destes corredores, e não tem como fazer sem estabelecer um sistema de transporte multimodal tendo o transporte sobre trilho como a opção principal na construção desta Rede. Sabemos o quanto é radical esta proposta, mas é a única que pode criar um novo modelo de circulação das pessoas, entre as cidades da GBH de maneira mais rápida, confortável e segura, e para coroar a generosidade do traçado ferroviário entre as cidades da região metropolitana, o Governo do Estado tem a obrigação de fazer a construção desta proposta com a participação de todos Municípios que compõe a RMBH pois esta Rede já foi desenhada há muitos anos nas faces, suor e no sentimento de desesperança de cada usuário do sistema de transporte metropolitano faltando somente a formatação técnica.
A MORTE DA ESTRADA DE FERRO BRASILEIRA
Ela ainda vive! É verdade que agoniza, mas ainda temos na GRANDE BH, ramais ferro1viários que são “Heróis da Resistência” em plenas condições de serem recuperados como por exemplo:
• O Ramal 1 – que vem da Cidade de Prudente de Morais, passa nas cidades de Pedro Leopoldo, Confins, São José da Lapa, Vespasiano, Santa Luzia chegando em Belo Horizonte pelo Horto com “Bitola Estreita.” Este trecho tem por princípio diminuir o fluxo de automóveis/ônibus na Av. Cristiano Machado, e Pedro l° etc.
• O Ramal 2 – que vem da Cidade de Belo Vale, passa nas cidades de Brumadinho, Mário Campos, Sarzedo, Ibirité, Barreiro, Cidade Industrial, chega na estação do Eldorado com “Bitola larga”. Este trecho diminui o fluxo de automóveis/ônibus da BR 262, BR 381, “Av. Sinfronio Brochado – Barreiro”, “Av. Afonso Vaz de Melo – Barreiro” “ Av. Tito Fulgêncio, Cidade Industrial/ Av. Cardeal Eugênio Pacelli – Contagem” e Av. Amazonas.
• O Ramal 3 – que vem da Cidade de Mateus Leme, passa em Azurita, Juatuba, Vianopolis, Betim, “Bernardo Monteiro – Contagem”, chegando na Estação do Metrô Eldorado com “Bitola Estreita” diminuindo também o fluxo de automóveis/ônibus da BR 262, BR 381, Cidade Industrial/Av. Cardeal Eugênio Pacelli e Av. Amazonas
O SONHO NÃO ACABOU!
O tema sobre transporte de passageiros sobre trilhos na RMBH vem se arrastando há muitos anos, várias mobilizações já aconteceram e vem acontecendo no sentindo de sensibilizar o Governo Estadual na implementação de uma política de reordenamento do transporte Metropolitano utilizando o traçado das ferrovias. A Prefeita da Cidade de Contagem, Marília Campos, enquanto Deputada contribuiu muito no fortalecimento desta luta e continua até hoje levantando a bandeira da importância do “Trem de Passageiro” na RMƁH, e o sonho não pode parar, acho interessante registrar aqui que em 2015 a METROMINAS, empresa criada para estadualizar o METRÔ para em seguida privatizá-lo, conseguiram contratar um estudo de viabilidade técnica acompanhado do projeto básico do trecho que vai de Betim à estação do Eldorado este projeto chamado de “LINHA 4 NOVO ELDORADO A BETIM” foi desenvolvido pela empresa “ARCÁDIS LOGO” e concluído em Fevereiro de 2017, ele contempla a extensão da linha atual do Metrô, até a Av. João César de Oliveira, paralela a linha férrea, utilizando a mesma tecnologia ferroviária característica da linha e sistema.
A partir da Av. João César de Oliveira a linha segue com uma tecnologia mais leve VLT (Veículo Leve Sobre Trilhos) seguindo o leito da ferrovia até o bairro Capelinha no Município de Betim, depois seguindo o Leito do Riacho das Areias (Av. Marco Túlio Isaac) até o Centro da Cidade de Betim, sua extensão e de 19,6 km com 19 estações de embarques/desembarque distribuídas da seguinte forma:
Trecho da extensão do metrô seriam as estações: 1) Novo Eldorado, 2) Parque S. João e 3) João César “Maria da Conceição”. No trecho de circulação do sistema VLT “Veículo Leve Sobre Trilhos” as estações de embarques seria: 1) Bernardo Monteiro, 2) Capelinha, 3) Amazonas, 4) Imbiruçu, 5) Laranjeiras, 6) Paulo Camilo, 7) Nova Baden, 8) Via Expressa, 9) Riacho das Areias, 10) Alterosas, 11) Dom Bosco, 12) Amoras, 13) Marajoara, 14) Chácara 15) Betim Centro, 16) Betim Terminal.
Por fim o projeto “LINHA 4 NOVO ELDORADO A BETIM” não significa somente ligação entre duas cidades, ele é muito mais do que isto levará esperança pra várias cidades circunvizinha como Igarapé, Juatuba, Mateus Leme, Bicas, assim como para Brumadinho, Mário Campos etc. Fica pra todos um dever de casa de conhecer a fundo projeto básico da linha 4, assim como trabalhar para estabelecer o projeto complementar que terá o objetivo de criar as linhas de ônibus que irá alimentar principalmente as estações que está dentro do traçado de circulação do VLT (VEÍCULO LEVE SOBRE TRILHOS)
Geraldo A. de Paula é assessor de Gestão e Inovação na Autarquia Municipal de Trânsito Transporte – Transcon. Integra o Setorial Estadual e Nacional de transporte PT.
NOTA
[1] SEINFRA MG