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Lucas Costa: Respondendo as perguntas mais frequentes sobre o SIM

Falar sobre as obras do Sistema Integrado de Mobilidade (SIM) tem sido uma tarefa árdua, que envolve desvendar e explicar uma rede densa de dados. Muitas dessas informações, por conta de sua complexidade, estão “inacessíveis” ao grande público. Apesar de estarem dispostas corretamente nos portais da Prefeitura de Contagem, procurar, ler e entender esse conteúdo não é uma tarefa fácil.

É daí que nasce o desafio de entender o SIM como um todo. Afinal, quando esse Sistema foi elaborado e projetado de forma executiva, ainda na gestão anterior (2017-2020), “ninguém” se preocupou em explicar com detalhes o que seria essa nova realidade do transporte público. O resultado foi claro: uma confusão generalizada que permeia o entendimento comum sobre o que realmente envolvem essas obras ou esse sistema.

Essa falta de clareza e a dificuldade de entender todas as informações levam a uma série de mal-entendidos, sendo um dos mais notórios a crença equivocada de que as obras do SIM se limitam exclusivamente às obras que já foram finalizadas na Av. João César de Oliveira. Tal confusão destaca uma falta de compreensão sobre a amplitude e a diversidade das intervenções planejadas, uma vez que essas obras na principal avenida da cidade de Contagem, na verdade, correspondem somente ao Trecho II do Corredor Norte-Sul do SIM. Esse é apenas um exemplo das muitas inverdades e simplificações que circulam entre o público, alimentando uma cadeia de desinformação e notícias falsas que obscurecem o verdadeiro escopo do SIM.

Quando me uni como colaborador do blog de Zé Prata e Ivanir, estava motivado por uma forte vontade de abordar essa temática (“Obras” e “Serviços Urbanos” de um modo geral) sob uma luz diferente, utilizando a educação como ferramenta para dissipar as nebulosas de desinformação que envolvem as obras em andamento em Contagem. Meu objetivo sempre foi ir além da mera apresentação de fatos, buscando engajar o leitor em uma jornada de aprendizado sobre administração pública e, por conseguinte, desmistificar o turbilhão de fake news que frequentemente assola o projeto.

Este trabalho trata de um FAQ. Isto é, aqui, me proponho a responder as principais perguntas feitas sobre o SIM. De certa forma, tento cumprir o propósito exposto no parágrafo acima. Essa primeira parte do texto trará 10 perguntas, todas respondidas, sobre o novo sistema de transporte público e mobilidade.

O SIM, ao contrário do que muitos podem pensar, não se resume a um conjunto isolado de construções ou melhorias pontuais. Trata-se de uma iniciativa abrangente que visa a remodelar e melhorar significativamente a infraestrutura de mobilidade urbana da cidade. O projeto inclui a edificação de viadutos e trincheiras, a criação de corredores de transporte eficientes e a requalificação de vias existentes para otimizar o tráfego e a segurança dos usuários. Além disso, fazem parte do plano a implementação de 5 novos terminais de ônibus e 10 estações de transferência.

Esses elementos são projetados não apenas para melhorar a eficiência do sistema de transporte público, mas também para fomentar uma integração mais coesa da cidade, facilitando o acesso a diferentes regiões e serviços. Ao clarificar o escopo e os detalhes do SIM, espero contribuir para um entendimento mais profundo e preciso sobre essas obras, promovendo uma visão mais informada e menos suscetível a equívocos e informações falsas entre o público.

1. O QUE É O SIM?

O SIM é o novo Sistema Integrado de Mobilidade do município de Contagem. O propósito do SIM é integrar todas as regiões da cidade, trazendo mais mobilidade e diminuindo o tempo no trânsito para os usuários, tanto dos transportes privados, quando dos transportes coletivos. Com esse novo modelo de transporte, você embarca em um terminal e viaja até a região que precisa ir pagando tarifa única. A estrutura do SIM gira em torno de três corredores.

Vamos falar deles abaixo:

2. QUAIS SÃO OS CORREDORES DO SIM?

Os ônibus do SIM trafegarão em faixas exclusivas, para circularem com mais agilidade. Com isso, terá as conexões nos terminais e estações de integração utilizando a tarifa única.

O SIM é composto por três corredores. Em função das diferenças das estruturas de tráfego, estarão associados dois tipos de operação: o BRT (Bus Rapid Transit) e o BRS (Bus Rapid Service). No trecho do Corredor Norte-Sul nas avenidas João César de Oliveira e General David Sarnoff será implantado o sistema BRT e nos corredores Leste-Oeste e Ressaca irá operar o sistema BRS.

2.1 NORTE-SUL

Com 20km de extensão, o corredor Norte-Sul será o eixo de maior demanda de passageiros do novo sistema de transporte coletivo. Será composto por dois trechos distintos: o primeiro inicia-se no extremo norte, em Nova Contagem, até o início da Avenida João César de Oliveira e será implantado BRS. O segundo trecho inicia-se na Av. João César de Oliveira e finda na Av. Gal. David Sarnoff, na Cidade Industrial. Toda a extensão do trecho terá características de BRT, com estações de transferência no canteiro central e faixa exclusiva.

2.2 LESTE-OESTE

Com 11km de extensão, este será um corredor do tipo BRS, com faixa preferencial para ônibus à direita da via. Ligará as regionais Petrolândia e Ressaca e será composto por três vias principais: Via Expressa, Av. Helena Vasconcelos Costa e Av. Severino Ballesteros. Nas extremidades leste e oeste estão os terminais Ressaca e Petrolândia, respectivamente. Todos os Pontos de Embarque e Desembarque passaram por obras de readequação.

2.3 RESSACA

Com 9km de extensão, o corredor Ressaca é do tipo BRS, com faixa preferencial para o transporte coletivo no lado direito da via. Sua concepção se deu pela necessidade de facilitar a ligação das regionais Nacional e Ressaca às regiões Central e Sul do município. O Corredor Ressaca é formado pelas avenidas Babita Camargos, Teleférico, João Gomes Cardoso e Severino Ballesteros Rodrigues. Todos os Pontos de Embarque e Desembarque passaram por obras de readequação.

3. O QUE SÃO E COMO FUNCIONAM AS ESTAÇÕES DE TRANSFERÊNCIA QUE ESTÃO LOCALIZADAS NA AV. JOÃO CÉSAR DE OLIVEIRA

As Estações de Transferência, que já foram finalizadas e estão localizadas na Av. João César de Oliveira, juntamente com os Terminais de Integração, são os locais onde irão ocorrer as integrações e transferências dentro do sistema BRT, onde o pagamento das tarifas é realizado antecipadamente nas bilheterias.

As estações estão localizadas no canteiro central, em plataforma elevada para embarque e desembarque em nível, de modo a atender simultaneamente ambos os sentidos de tráfego. Ao todo, serão implantadas no Corredor Norte-Sul 10 estações.

Cada estação é composta por 3 edificações: estação municipal, estação metropolitana e anexo central, com bilheteria única para embarque em ambas as estações. Apesar de operarem com o mesmo sistema de bilhetagem eletrônica (cartão Ótimo), foi necessária segregação dos sistemas municipais e metropolitanos, uma vez que estes são operados pelo poder municipal e estadual, respectivamente. Entre os sistemas não há integração tarifária até o momento, sendo necessário espaço para cada um deles.

4. TERMINAIS DE INTEGRAÇÃO. O QUE SÃO E COMO FUNCIONAM?

Os Terminais de Integração são instalações que permitem a integração e transferência entre os serviços troncais com múltiplos alimentadores. A nova rede de transporte será composta por 5 Terminais de Integração: Darcy Ribeiro, Sede, Petrolândia, Ressaca e Eldorado. Desses, 1 terminal já está pronto, 2 estão em construção, além do Eldorado, que já existe e será readequado.

5. FINANCIAMENTOS E RECURSOS PARA INVESTIR NAS OBRAS. DE ONDE VIERAM?

A gestão municipal aderiu a duas linhas de financiamento para a reestruturação do transporte coletivo da cidade:

⁃ Banco de Desenvolvimento da América Latina, também conhecido como Corporação Andina de Fomento (CAF):
A CAF é um banco de desenvolvimento fundado em 1970. É formado por 19 países, sendo 17 deles da América Latina e dois da Europa (Portugal e Espanha), e 13 bancos privados do continente americano. A CAF tem como objetivo promover um modelo de desenvolvimento sustentável através de operações de crédito, recursos não reembolsáveis e apoio em estruturação técnica e financeira de projetos dos setores público e privado da América Latina.

⁃ E o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC):
Criado em 2007 o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) promoveu a retomada do planejamento e execução de grandes obras de infraestrutura social, urbana, logística e energética do país, contribuindo para o seu desenvolvimento acelerado e sustentável. Pensado como um plano estratégico de resgate do planejamento e de retomada dos investimentos em setores estruturantes do país, o PAC contribuiu de maneira decisiva para o aumento da oferta de empregos e na geração de renda, e elevou o investimento público e privado em obras fundamentais.

6. QUAIS SÃO AS OBRAS QUE COMPÕEM O SIM?

6.1 OBRAS DO CORREDOR NORTE-SUL

• Implantação da Avenida Maracanã – em andamento

• Duplicação da Av. Carmelita Drummond Diniz e Av. Dilson de Oliveira – em fase de projeto

• Implantação do Complexo Viário do Beatriz – concluído pela gestão Marília Campos

• Espaço Popular do Eldorado – concluído parcialmente pela gestão Marília Campos

• Trincheira do Itaú – concluída

• Trincheira da Av. Gal. David Sarnoff – concluída

6.2 OBRAS DO CORREDOR LESTE-OESTE

• Implantação do Viaduto Petrolândia – concluída

• Ampliação do Viaduto Ceasa – concluída pela gestão Marília Campos

• Implantação do Viaduto das Américas I (sobre a Av. Severino Ballesteros Rodrigues) – concluída

• Ampliação do Viaduto das Américas II (sobre a BR-040) – concluída pela gestão Marília Campos

6.3 OBRAS DO CORREDOR RESSACA

• Viaduto Teleférico – em andamento

• Alça de Retorno do Parque Sarandi – em andamento

• Parque Linear do Sarandi (acesso ao terminal) – licitação concluída, obra será iniciada em breve

• Requalificação do Parque do Água Branca e Avenida Teleférico – em andamento

7. POR QUE HÁ TANTA DEMORA EM ENTREGAR AS OBRAS?

A crença de que as obras do SIM estão atrasadas é um pensamento difundido, mas que, ao ser examinado mais de perto, revela uma compreensão superficial do estado atual do projeto. Contrário a essa percepção, o SIM tem uma lista robusta de obras já concluídas e entregues à população, destacando-se especialmente durante a gestão de Marília Campos, que se notabilizou por ser a administração que mais avançou na realização e conclusão desse conjunto de obras.

O ponto central dessa noção de atraso geralmente gira em torno das obras na Av. João César de Oliveira, que, de fato, experimentaram uma demora significativa em relação ao cronograma originalmente planejado. Entretanto, é fundamental reforçar que, conforme dito anteriormente, o SIM não se resume a esse único conjunto de intervenções.
Já trouxe um pouco do histórico dessas obras em outro texto, também publicado aqui neste blog por mim, cujo título é “O que as obras do SIM, das praças e as intervenções de drenagem têm em comum?”. Recomendo a leitura desse material de maneira complementar.

De qualquer maneira, acima de tudo, é importante entender que o atraso observado não decorre de uma falta de vontade ou esforço por parte da Prefeitura. Ao contrário dessa noção simplista, existem várias razões legítimas e complexas que contribuíram para a extensão do tempo necessário para a conclusão dessas obras. Destacam-se quatro fatores principais que influenciaram diretamente no ritmo dos trabalhos, nenhum dos quais pode ser diretamente atribuído a falhas ou negligências por parte da administração municipal:

7.1 A Operação Lava-Jato e a destruição da construção civil e construção pesada no Brasil

A Operação Lava-Jato, da maneira pela qual foi conduzida, teve repercussões profundas e duradouras em diversos setores, sendo um dos mais afetados o da construção civil e construção pesada. Esta operação desencadeou uma série de eventos que levaram à reestruturação significativa deste mercado no país. Recentemente, um estudo da UFRJ e da Uerj estimou em R$ 142 bilhões as perdas nos setores de construção civil, indústria naval, engenharia pesada e indústria metalmecânica, com a consequência do fechamento de 4,4 milhões de postos de trabalho.

Um exemplo concreto do impacto devastador da Operação Lava-Jato pode ser observado na falência do grupo OAS, uma das maiores empresas de construção civil e pesada do Brasil. A Coesa, uma subsidiária do grupo OAS, estava à frente das duas principais obras da Prefeitura de Contagem naquele momento: o Corredor Norte-Sul Trecho II e a Avenida Maracanã. A incapacidade da Coesa de prosseguir com esses projetos não foi um incidente isolado, mas sim um reflexo da crise mais ampla enfrentada pelo setor, precipitada pelas investigações e consequências jurídicas da Lava-Jato.

Este contexto criou uma dificuldade significativa no mercado para encontrar substitutos viáveis. A busca por empresas de grande porte, com a capacidade financeira e técnica necessária para assumir e executar obras de grande envergadura em um cronograma acelerado, tornou-se uma tarefa complicada. Muitas das empresas que poderiam ter sido consideradas aptas para tais empreendimentos estavam, elas mesmas, lutando para se reestruturar ou enfrentando escrutínios legais similares aos que incapacitaram a OAS. E as empresas remanescentes não possuíam as mesmas capacidades técnicas e financeiras.

A consequência direta dessa situação para projetos como o Corredor Norte-Sul e a Avenida Maracanã foi um atraso inevitável, quando não a própria paralisação da obra. Sem empresas capacitadas e disponíveis para assumir imediatamente os projetos abandonados pela Coesa, a Prefeitura de Contagem encontrou-se numa posição delicada, tendo que navegar por um mercado de construção civil seriamente comprometido, enquanto buscava alternativas para retomar as obras essenciais para o desenvolvimento urbano e a mobilidade da cidade.

7.2 Aumento dos insumos da construção civil e da construção pesada

O período subsequente à pandemia global de Covid-19, marcou um ponto de inflexão significativo para a economia mundial, e um dos setores mais visivelmente afetados foi o da construção civil e construção pesada. A inflação dos insumos necessários para esses setores se tornou evidente e impactou profundamente o andamento de projetos em várias partes do mundo, inclusive nas obras de infraestrutura urbanas da Prefeitura de Contagem.

O aumento dos preços dos insumos, desde materiais básicos como cimento e aço até itens mais específicos necessários para construções complexas, é um fato sustentado por uma série de dados estatísticos e análises econômicas que ilustram o quão acentuado foi esse fenômeno. Os motivos para essa inflação de preços são múltiplos, incluindo interrupções na cadeia de suprimentos, aumento dos custos de transporte, variações cambiais, e uma demanda reprimida que retornou de forma robusta em muitos mercados após um período de estagnação forçada pela pandemia.

Diante desse cenário, a Prefeitura de Contagem se viu obrigada a revisitar e reavaliar os projetos em andamento. As negociações foram extensivas para reequilibrar contratos existentes e ajustar os orçamentos à nova realidade econômica. Essas renegociações envolveram não apenas os contratados para a execução das obras, mas também os agentes financiadores, que tiveram que aprovar os novos orçamentos propostos. Este processo representou uma etapa adicional no planejamento e execução dos projetos, contribuindo significativamente para o atraso das obras.

7.3 Diálogo com as concessionárias de energia e esgoto

A interação e o alinhamento entre projetos de infraestrutura urbana e os serviços prestados por concessionárias de energia e esgoto representaram também um aspecto crítico no planejamento e execução de obras significativas, como as realizadas na Av. João César de Oliveira. A necessidade de obras complementares executadas por estas concessionárias (Copasa, Cemig, Gasmig, entre outras) é uma realidade frequente em projetos dessa magnitude, onde a infraestrutura existente precisa ser adaptada ou melhorada para acomodar as novas instalações ou fazer ampliações planejadas.

Um caso emblemático dessa complexidade pode ser observado no remanejamento dos postes de energia pela Cemig, especialmente na altura das estações 2, 3, e 4 da mencionada avenida. Esse processo, crucial para o avanço das obras, só foi iniciado e concluído no final de 2023, embora as obras tenham sido iniciadas em 2020. Esse lapso de quase quatro anos até a finalização do remanejamento reflete uma dificuldade das concessionárias em cumprir os agendamentos previamente estabelecidos.

As negociações com as concessionárias, ainda que fundamentais para garantir a integração e funcionamento adequados dos sistemas de energia, gás e esgoto com a nova infraestrutura, envolvem uma imensa quantidade de tarefas para conseguir aprovações de natureza técnica, regulatória e administrativa. A coordenação das agendas entre as partes, a obtenção de licenças necessárias, e a própria execução técnica das obras e intervenções requerem um alinhamento preciso, frequentemente sujeito a imprevistos e reajustes de cronograma.

Além disso, o processo de planejamento e execução dessas obras complementares por parte das concessionárias muitas vezes precisa ser conciliado com suas próprias demandas operacionais e projetos, o que pode levar a atrasos adicionais.

7.4 Falta de planejamento na gestão anterior

A discussão sobre o planejamento e execução das obras do SIM envolvem diversos aspectos. Não poderia deixar de citar a maneira como a gestão anterior da Prefeitura de Contagem (2017-2020) abordou esses desafios.
Farei uma análise cuidadosa. Longe de apontar culpados ou buscar atribuir responsabilidades de forma simplista, é importante reconhecer os avanços significativos realizados por essa administração, que não apenas assegurou os recursos necessários, mas também desenvolveu os projetos executivos e deu início às obras fundamentais para o sistema.

No entanto, uma revisão crítica do processo de planejamento e execução revela que a Transcon, à época, pode não ter priorizado as obras segundo critérios que levassem em conta a importância estratégica de cada uma para o funcionamento integral do SIM. As obras foram licitadas e executadas na sequência em que os projetos executivos foram concluídos e as licitações, finalizadas. Essa abordagem sequencial, por mais que seja aparentemente lógica, não considerou adequadamente como a interdependência entre as diferentes obras afetaria a operacionalização e a eficácia do sistema como um todo.

Um exemplo emblemático dessa problemática é a situação envolvendo o Terminal Sede, cuja importância para o SIM foi subestimada. Este Terminal pode ser descrito como o “coração” do sistema, uma peça central sem a qual o SIM não poderia operar de maneira plena e eficiente. A inauguração do Terminal Petrolândia antes do Terminal Sede ilustra uma desconexão na execução estratégica das obras. Estudos realizados após a inauguração do Terminal Petrolândia apontaram que, para o SIM funcionar com máxima eficiência e sem sobrecargas, era imperativo que o Terminal Sede fosse concluído em primeiro lugar.

Esta “descoberta” destaca uma lacuna significativa no planejamento inicial: a ausência de estudos que antecipassem o impacto funcional da ordem de execução das obras no desempenho geral do sistema. A gestão anterior, portanto, pode ter falhado ao não realizar essas análises preditivas, que teriam permitido uma compreensão mais clara das necessidades operacionais do SIM e uma priorização de obras que alinhasse a construção física com a lógica operacional e de tráfego do sistema.

8. POR QUE AS OBRAS DE EDIFICAÇÃO DOS TERMINAIS VARGEM DAS FLORES E SEDE AINDA NÃO FORAM INICIADAS?

Cada uma dessas obras é um caso diferente. Todavia, são problemas com a mesma natureza.

A edificação do Terminal Sede terá, em breve, a abertura do seu edital de licitação. A obra havia sido impedida de avançar devido a necessidade de se realizar o remanejamento das redes de energia elétrica da Cemig. Como a concessionária não realizará esses serviços, o projeto precisou ser readequado para que a empresa contratada responsável pela edificação do Terminal realize essa atividade antes de iniciar a fundação e a estrutura. Também, antes de começar a obra, era necessário que uma outra obra, o Complexo Viário do Beatriz, fosse concluído. Outra razão para a demora no início da obra do Terminal Sede, foi a necessidade de se fazer estudos para identificar se o projeto pudesse ser aprimorado para ser realocado em outro local, mais próximo ao metrô.

Já o Terminal Vargem das Flores recebeu, recentemente, obras que são necessárias antes do início da sua edificação, que é o remanejamento de uma adutora em aço da rede de abastecimento de água da Copasa. Essa intervenção também não pode ser feita pela concessionária. Portanto, o município fez o projeto e o licitou, custeando com os próprios recursos a mudança.

9. O SIM SERÁ EFICIENTE DO PONTO DE VISTA DA MOBILIDADE URBANA?

A questão da eficiência do SIM em relação à mobilidade urbana é de fundamental importância para o planejamento e desenvolvimento sustentável das cidades. Ao ponderar se será eficiente neste aspecto, a resposta inicial é positiva. Contudo, é essencial reconhecer que, como qualquer sistema complexo e dinâmico, o SIM não está isento da necessidade de aprimoramentos contínuos após sua implantação.

A implementação de um sistema de mobilidade urbana, como o SIM, representa um avanço significativo na forma como os indivíduos se deslocam dentro do tecido urbano. Através da integração de diferentes modais de transporte e da otimização de rotas e serviços, o SIM tem o potencial de reduzir tempos de viagem, melhorar a acessibilidade, diminuir congestionamentos e contribuir para a sustentabilidade ambiental. No entanto, a eficácia plena desses sistemas só pode ser avaliada e plenamente alcançada através de um processo contínuo de monitoramento, avaliação e ajustes.

Após a implantação do sistema, é provável que novos desafios e problemas surjam. Aliás, alguns projetos já foram readequados mesmo antes da sua implantação, justamente por meio da identificação dessa necessidade de melhoria! A capacidade de identificar, avaliar e responder a esses desafios de forma ágil e eficaz será crucial para manter e melhorar a eficiência do SIM ao longo do tempo.

Portanto, será imperativo que haja uma estrutura de gestão flexível e responsiva incorporada ao planejamento e operação do SIM, que permita a realização de ajustes operacionais, tecnológicos e estruturais em resposta aos problemas identificados. Neste aspecto, creio que a Transcon fará um excelente trabalho.

10. A QUESTÃO DO REBAIXAMENTO DO GREIDE DA VIA JÁ ESTAVA PREVISTA?

Sim. Isso não é uma polêmica, apesar da oposição, com muito auxílio da imprensa mineira, ter feito um escândalo sobre essa questão. A Prefeitura de Contagem sempre esteve ciente dessa alteração desde a concepção do projeto. Foi uma escolha prosseguir dessa forma.

A respeito disso, é importante deixar claro que gestão revisou todo o projeto de implantação do SIM, corrigindo falhas identificadas no projeto anterior. É importante ressaltar também que as estações de transferência implantadas seguiram rigorosamente as diretrizes dos projetos licitados, não havendo, do ponto de vista da execução, divergência entre o realizado e o projetado. Os ajustes de concordância das estações 2 (próxima ao prédio da Receita Municipal) estão em fase de elaboração de projeto. Isso se deve ao estudo em andamento na interseção da Av. João César de Oliveira com Av. Dílson de Oliveira. Os estudos são necessários, pois estamos executando as obras da Av. Maracanã, que irá canalizar o fluxo de veículos das regionais Vargem das Flores e Sede para Av. Carmelita Drummond Diniz, avenida essa que antecede a Av. Dílson de Oliveira ao encontrar-se com Av. João César de Oliveira. Diante disso, os projetos no entorno da estação de transferência estão sendo revisados para se adequar ao futuro cenário de veículos na referida interseção.

No que se refere às estações de transferência 3 (ao lado do viaduto Beatriz) e 4 (em frente ao Hospital Municipal de Contagem), ambas passaram por revisão no projeto quanto à realocação dos muros de contenção que estavam projetados no eixo da via. As revisões foram concluídas, e o muro de contenção da estação 3 foi realocado para o passeio. Quanto à estação 4, os muros de contenção foram extintos, sendo necessária apenas a concordância do greide da pista. Ressalta-se que, assim que concluídos os estudos e o projeto da estação de transferência 2, a administração realizará uma nova licitação que englobará as estações 2, 3 e 4.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ultimamente, meus textos aqui no blog têm ficado muito longos. Contudo, espero que o leitor aproveite bastante o conteúdo para aprofundar seus conhecimentos a respeito das obras em Contagem. Também, que os utilize para se precaver contra as mentiras da oposição.

Não canso de repetir que essa gestão, liderada pela prefeita Marília Campos, é a mais eficiente que já governou Contagem. Os números são a prova dessa afirmação e não me deixam mentir.

Na próxima semana, continuarei a tratar do mesmo assunto. Trabalharei para responder essas outras 10 perguntas abaixo (que são igualmente importantes às que foram respondidas hoje):

1. Quando custou efetivamente as obras do SIM?

2. Quais são as vantagens do SIM?

3. O que muda com as 10 estações de transferência na Av. João César de Oliveira?

4. Qual será o benefício do itinerário das novas linhas de ônibus municipais?

5. Como operarão as linhas intermunicipais?

6. Quando o SIM será testado e começará a operar?

7. Como funcionará a integração com o metrô Eldorado?

8. Os semáforos que não estão nas estações de transferência serão retirados?

9. Com as obras sendo finalizadas na Av. João César de Oliveira como ficará o trânsito nessa avenida?

10. MOVE e SIM são as mesmas coisas?

Aguarde!

Lucas Carneiro Costa é comunicador e pedagogo. Mestrando em Economia Aplicada pela Universidade Federal de Viçosa

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