José Prata Araújo
Foi coordenador geral da campanha de Marília
Economista e especialista em previdência social
Na cartilha trato de uma forma ampla da vitória de Marília para prefeita de Contagem. Trata-se de uma publicação escrita e publicada em tempo recorde, em apenas três semanas, porque grande parte dela já estava escrita antes da eleição. Isto porque, no plano de campanha, consideramos que o legado histórico de Marília, que recuperamos de uma forma detalhada, seria a principal âncora de sua campanha vitoriosa. E a parte do texto que trata da campanha já estava toda em minha cabeça, bastava apenas digitar.(…) A extrema direita tinha certeza que venceria a eleição. Por isso é que dizemos: o que devemos ressaltar não é porque “quase perdemos a eleição”, mas porque “é difícil derrotar Marília” mesmo na eleição mais suja da história da nossa cidade. Veja a cartilha no link: https://is.gd/ZdGIPZ.
FIZEMOS UMA CAMPANHA ÉPICA E VENCEMOS DE FORMA HERÓICA. Épico é usado para adjetivar um feito memorável, extraordinário, uma proeza, algo muito forte e intenso. Definimos, em Contagem, a partir de uma avaliação da empatia de Marília com a população e do apelo forte que já existia do movimento social “Volta Marília”, que ela, no carro de som, seria o eixo estruturante de nossa comunicação com a cidade. Foi isto o que aconteceu em Contagem: em plena pandemia, onde os marqueteiros de todo o país não sabiam como fazer uma campanha política, Marília, de máscara, em cima de uma camionete, comunicava com a população com os olhos e com gestos e o povo respondia com sorrisos e olhares de admiração. A vida resistia no meio da tragédia da pandemia. A extrema direita tentou destruir Marília na última semana de campanha, com uma ofensiva gigantesca para não dar tempo de resposta. Nos organizamos nos três dias finais da campanha e viramos a disputa na reta final. Reagimos politicamente e ganhamos a eleição.(…) Não antes sem passar pela emoção da apuração dos votos. A apuração começou empatada; Marília abriu uma pequena frente; o adversário equilibrou a apuração e passou frente; no comitê de campanha do adversário de Marília comemoraram a “vitória” de forma antecipada; caminhando para o final da apuração a eleição ficou empatada novamente e, no finalzinho, Marília passou à frente e venceu a eleição. Mais um momento épico desta eleição em Contagem. Impressionante!
MARÍLIA, A “MULHER MURALHA”, COM FORTE APOIO POPULAR, “PAROU” A EXTREMA DIREITA EM CONTAGEM. Quando o candidato do DEM comemorou a vitória de forma antecipada foi porque a extrema direita tinha certeza que venceria a eleição. Para isso, montaram uma estratégia de destruir Marília, através de posições já defendidas no primeiro turno e algumas novas “bombas” no segundo turno: a) isenção total do IPTU residencial e da taxa de publicidade das empresas, o que mostra que partidos como o DEM e outros de centro, sem projeto nacional, apostam muitas vezes no vale tudo nos municípios; b) realização de uma violenta campanha anti-PT através de uma articulação ilegal com a organização Direita Minas por meio de folhetos, bandeiras “PT Não”, bonecos do Lula, carros de som com discursos radicais e agressivos; c) a direita buscou recolher votos também na anti-politica, uma enorme demagogia já que o candidato do DEM era um braço de Ademir Lucas, ex-prefeito e o mais velho político em atividade na cidade, se apresentando como combatente do sistema político “sujo e corrupto” da cidade; em live realizada após a eleição ele disse que enfrentou toda a Câmara dos Vereadores atual e a nova com os eleitos e só teve o apoio de dois dos 21 vereadores no segundo turno; d) foi realizado um ataque sistemático de desgaste da Marília junto aos evangélicos, através de folhetos apócrifos, com mentiras e fake news; e) o candidato do DEM escolheu para vice um vereador de Nova Contagem, onde fez promessas mirabolantes, para tentar derrubar a principal fortaleza de Marília; f) e para concluir as baixarias, editaram boletins falsificados da campanha da Marília vinculando a petista ao prefeito Alex de Freitas, muito mal avaliado na cidade. Com este arsenal, a extrema direita tinha certeza que venceria a eleição.(…) Não se pode analisar uma disputa política fora das circunstâncias histórias em que ela se dá. Vencer o anti-petismo ainda muito forte em nosso país e o populismo fiscal da isenção do IPTU é sim um feito memorável para nós da esquerda de Contagem, sejam dirigentes ou militantes de base. Por isso é que dizemos: o que devemos ressaltar não é porque “quase perdemos a eleição”, mas porque “é difícil derrotar Marília”, a “mulher muralha”, na expressão recente de Marlise Matos, professora da UFMG, mesmo na eleição mais suja da história da nossa cidade.
MARÍLIA: O CAMINHO É RESSALTAR E VALORIZAR O PATRIMÔNIO POLITICO E ORGANIZATIVO QUE ACUMULAMOS EM CONTAGEM. Marília, na apresentação da minha cartilha, afirma: “Embora escrito no calor dos acontecimentos e ainda sob forte emoção, este trabalho aponta com clareza qual deve ser o nosso maior propósito ao ponderarmos sobre a batalha – “épica” sim!, com toda certeza, José – que acabamos de travar. O que devemos ressaltar, diz José, não é porque “quase perdemos a eleição”, mas porque conseguimos vencer a eleição mais suja de toda a história da nossa cidade e na qual o principal objetivo do adversário era a nossa destruição.(…) O primeiro caminho leva às recriminações e lamurias, à eterna busca de culpados, às especulações de sentido duvidoso e à recomendação – mais que manjada – de que deveríamos ter combatido fogo com fogo. Nesse caminho, a iniciativa e o protagonismo são sempre do adversário, enquanto nós apenas reagimos.(…) O segundo caminho, de minha preferência, vai ressaltar e valorizar o patrimônio político e organizativo que acumulamos em décadas de atividade política em nossa cidade e que nos torna capazes de suportar com destemor, altivez e serenidade, o peso das injúrias, das fake news e do obscurantismo. Mas, mais que isso, nos permite mobilizar as gigantescas energias criativas que dispomos entre a juventude, entre as mulheres, entre as populações periféricas, entre os trabalhadores, entre os mais velhos, entre as minorias e entre as classes médias para lutar pela agenda e pelo terreno da disputa. Foi este caminho que garantiu a nossa vitória que foi, antes de tudo, a vitória de nossa história”.